O presidente Jair Bolsonaro voltou a receber nesta quinta-feira, 7, no Palácio do Planalto, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro militar condenado por sequestro e tortura durante a ditadura.

O presidente já havia a encontrado em agosto deste ano. Na ocasião, ofereceu um "almoço de cortesia" a Maria Joseíta e disse considerar o ex-comandante do DOI-Codi um "herói nacional".

O novo encontro com a viúva do militar ocorreu uma semana após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, defender medidas drásticas - como um novo AI-5 - caso o País enfrente manifestações de rua semelhantes as que ocorrerem no Chile.

A menção ao Ato Institucional n.º 5, o mais duro conjunto de leis instituído pela ditadura militar, em 1968, causou forte reação nos três Poderes, a ponto de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), dizer que a apologia à ditadura era passível de punição. Horas depois, o presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, desautorizou o filho, sob o argumento de que quem fala em AI-5 só pode estar "sonhando".

Brilhante Ustra esteve à frente do órgão de repressão do regime militar no período em que foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados no local, de acordo com relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). O coronel morreu em 2015, aos 83 anos, sem cumprir pena.

Ao longo de sua vida pública, Bolsonaro já fez diversas declarações elogiosas a Ustra. A mais famosa ocorreu quando o atual presidente era deputado federal, em 2016, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff - considerada uma das vítimas do DOI-Codi.

Questionada sobre o motivo do encontro, que não constava inicialmente na agenda do presidente, a Secretaria de Comunicação da Presidência disse se tratar de uma visita de cortesia.