Bolsonaro se esquiva sobre golpe: "Sou responsável pelo que assinei"
Ex-presidente prestou depoimento à PF em inquérito que mira grupo de WhatsApp no qual empresários defenderam golpe contra eleição de Lula
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
Ex-presidente prestou depoimento à PF em inquérito que mira grupo de WhatsApp no qual empresários defenderam golpe contra eleição de Lula
Mateus Vargas/Folhapress
Brasília - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se esquivou de questionamentos e não respondeu se tratou com militares sobre possibilidade de um golpe contra o resultado das eleições de 2022. Bolsonaro disse que responde apenas pelo que assinou enquanto era presidente. Afirmou ainda que sempre houve a possibilidade de uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no período eleitoral, "em caso de distúrbio".
"Sou responsável por tudo aquilo que assinei", disse o presidente à imprensa nesta quarta-feira (18). "Você viu movimentação de um soldado?", afirmou ainda ao ser questionado se havia discutido com militares alguma ação contra a vitória de Lula (PT) na disputa a presidente.
O ex-presidente foi questionado por jornalistas após prestar depoimento à Polícia Federal, em Brasília, em inquérito que mira grupo de WhatsApp no qual empresários defenderam um golpe contra a eleição de Lula. Bolsonaro entregou manifestação por escrito à PF e negou intenções golpistas.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro passou a discutir um golpe de estado com os comandantes das Forças Armadas, em novembro de 2022, após o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), rejeitar um pedido do PL de invalidar votos de urnas e aplicar multa de R$ 22,9 milhões ao partido por litigância de má-fé.
A discussão de Bolsonaro sobre uma ação militar contra o resultado eleitoral é alvo de investigação da Polícia Federal.
As tratativas do ex-presidente com militares foi relatada pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid em sua delação. O tenente-coronel indicou que foi nesse dia que Bolsonaro consultou se os chefes militares apoiariam uma intervenção no TSE, com possível prisão de ministros e convocação de novas eleições.
Bolsonaro foi questionado por jornalistas mais de uma vez, nesta quarta, sobre as conversas com militares contra a vitória de Lula. Ele não chegou a negar que articulou um golpe. Disse duas vezes que responde apenas pelo que assinou.
Ex-secretário especial de Comunicação Social Fabio Wajngarten, que também é advogado de Bolsonaro, interrompeu uma das respostas de Bolsonaro e disse que o tema da eleição é uma "página virada".