BRASÍLIA, DF - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou neste domingo (10) em sua conta nas redes sociais uma mensagem citando Deus e a frase "não desista".

A publicação foi feita um dia depois de o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ter homologado o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com a Polícia Federal.

A colaboração foi fechada no âmbito do inquérito das milícias digitais, que é a principal apuração no STF contra o ex-chefe do Executivo e mira, entre outros pontos, os ataques às instituições, a tentativa de golpe e o caso das joias.

INTERNAÇÃO

Nesta segunda-feira (11), está prevista a internação de Bolsonaro no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde passará por duas cirurgias para tratar distúrbios digestivos.

Os procedimentos são de correção das alças intestinais e de hérnia de hiato. O ex-presidente também vai aproveitar para passar por uma operação de desvio de septo.

Segundo publicação de Fabio Wajngarten, assessor do ex-presidente, nas redes sociais, os sintomas e exames preparatórios feitos em agosto decorriam da facada desferida contra Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. O ex-presidente já teve de passar por quatro cirurgias em decorrência desse caso.

Para especialistas ouvidos pela reportagem, é provável que apenas a cirurgia para correção das alças intestinais se relacione com o episódio.

COMO É A CIRURGIA

Segundo Murillo Lobo, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital das Clínicas da USP, a correção de alças intestinais é feita para tratar o mau funcionamento do intestino.

"O termo é genérico. Pode ser um procedimento minimamente invasivo, por cirurgia robótica, por vídeo ou por cirurgia aberta", explica. De acordo com Lobo, a correção é feita no intestino delgado para tratar lentidão ou obstrução.

As alças intestinais são uma parte móvel do intestino. Cirurgias anteriores ou traumas como a facada podem gerar nelas aderências - uniões indesejadas a outros órgãos ou tecidos. As aderências podem impedir que as fezes transitem de maneira adequada, causando lentidão ou obstrução.

O quadro pode causar dor, acúmulo de gases e dificuldade para defecar.

Em caso de obstrução, são necessários jejum e soro na veia. O paciente também pode precisar de uma sonda do nariz até o estômago para esvaziar o conteúdo do intestino, afirma Lobo.

Segundo ele, a cirurgia pode ser uma "caixinha de surpresas", já que, a depender da situação do paciente, podem ser necessárias ações mais invasivas, como a retirada de um segmento do intestino.

Casos mais graves podem demandar internação em UTI depois da cirurgia. Também pode haver a necessidade de colocar uma bolsa de colostomia para esvaziar o intestino sem comprometer a recuperação do órgão.

Bolsonaro já precisou usar o equipamento depois de receber uma facada na barriga durante a campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro de 2018.