Bolsonaristas atacam agentes da PRF em SC e no Pará
O ataque, registrado em vídeos obtidos pela reportagem, ocorreu quando os agentes tentavam identificar os envolvidos em ato
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 07 de novembro de 2022
O ataque, registrado em vídeos obtidos pela reportagem, ocorreu quando os agentes tentavam identificar os envolvidos em ato
Herculano Barreto Filho - Folhapress

São Paulo - Bolsonaristas usaram barras de ferro para agredir agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na tarde desta segunda-feira (7) em frente a uma loja da Havan em Rio do Sul (SC), a 190 quilômetros da capital catarinense, Florianópolis.
O ataque, registrado em vídeos obtidos pela reportagem, ocorreu quando os agentes tentavam identificar os envolvidos em um ato após a liberação de bloqueio na BR-470.
Ao menos dois policiais se feriram com lesões leves na cabeça e braços, segundo a PRF. Ainda de acordo com a corporação, um suspeito de envolvimento na ação foi preso.
Foi o segundo ataque a policiais rodoviários federais nesta segunda. Pela manhã, agentes foram recebidos a tiros por manifestantes em um trecho da BR-163 em Novo Progresso, no sul do Pará.
O QUE MOSTRA O VÍDEO
É possível identificar mais de dez policiais rodoviários federais, atacados com barras de ferro e cadeiras. Inicialmente, eles tentam reagir, mas logo são obrigados a recuar, já que mais de 50 manifestantes aparecem partindo para cima dos agentes nas imagens.
Muitos deles usavam a camisa da seleção brasileira e estavam enrolados em bandeiras do Brasil. O episódio ocorreu por volta das 15h30, logo após a liberação da via, que estava bloqueada há mais de cinco horas.
Os agentes tentavam identificar os envolvidos na ação, que descumpriram ordem judicial. No local, havia faixas com mensagens de teor antidemocrático, com apoio a uma intervenção militar no país.
Em meio à gravação, feita dentro do estabelecimento, uma pessoa comenta: "Vai morrer gente", ao presenciar as agressões. Em outras imagens, feitas pelos próprios bolsonaristas, uma mulher grita: "vergonha! A gente não está fazendo nada." Enquanto se afastavam, os agentes usaram gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Após o recuo, os agentes contaram com o reforço da tropa de choque da Polícia Militar de Santa Catarina.
QUEM É O HOMEM PRESO
Segundo a PRF, o suspeito preso é um homem de 37 anos que aparece nas imagens atacando um dos agentes com uma barra de ferro.
POR QUE RODOVIAS TÊM SOFRIDO INTERDIÇÕES?
Rodovias federais e estaduais têm sido fechadas pelo Brasil desde a noite do último dia 30 de outubro, data do segundo turno das eleições.
Durante a semana, mais de 300 trechos de estrada chegaram a ser paralisados. De acordo com a atualização mais recente da PRF, publicada às 15h37, ainda há 15 interdições -fechamentos parciais- de pistas e 4 bloqueios -fluxo totalmente interrompido.
FILHOS DE BOLSONARO APOIAM ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do presidente Jair Bolsonaro, têm feito uso das redes sociais para defender atos antidemocráticos, que contestam a derrota do atual chefe do Executivo para o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Manifestantes atacam PRF com tiros e pedras em bloqueio antidemocrático
Manifestantes antidemocráticos em Novo Progresso, no sudoeste do Pará, atacaram a PRF (Polícia Rodoviária Federal) com pedras e tiros no momento em que policiais tentavam desbloquear o km 312 da BR-163, um dos últimos pontos de interdição por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que não aceitam a derrota do presidente para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.
Todos os carros usados pela PRF saíram danificados da ação nesta segunda-feira (7), segundo a polícia. A principal forma de agressão utilizada foi o apedrejamento. Pelo menos três viaturas foram perfuradas por balas, conforme informação da assessoria da corporação.
Vídeos do confronto que circulam pelo WhatsApp, cuja autenticidade foi confirmada pela PRF, mostram manifestantes atacando os veículos com pedras, paus e disparos, comemorando os ataques e dizendo em tom de deboche que a atuação dos policiais não é bem-vinda no local.
Policiais rodoviários com atuação no Pará afirmam que vários grupos participam e financiam as interdições nas rodovias.
Há a suspeita de que, entre esses grupos, estão garimpeiros e proprietários de equipamentos para exploração ilegal de ouro em terras indígenas, uma prática comum na região de Novo Progresso.
Bolsonaro incentivou o garimpo de ouro em terras indígenas durante os quatro anos de seu mandato. Já Lula afirmou durante a campanha que a exploração não será tolerada, o que desagrada quem explora direta ou indiretamente a atividade ilegal.
Os bolsonaristas se armaram de paus e pedras, e a PRF respondeu com bombas de gás lacrimogêneo lançadas nas barracas que garantem a logística do acampamento.
Com a danificação dos carros da polícia e a necessidade de recuo, os manifestantes comemoraram a saída momentânea da PRF. "Arregaram, aqui é Novo Progresso", gritavam.
A PRF disse à reportagem que já identificou 18 pessoas que participaram dos ataques aos agentes da força de segurança. Os nomes serão encaminhados para o Judiciário para a confecção de mandados de prisão.
Os vídeos mostram viaturas com para-brisas quebrados, latarias apedrejadas e pneus estourados, deixando a área do protesto antidemocrático. Caminhões interditam a rodovia.
"A respeito dos recentes vídeos divulgados em redes sociais sobre a ação da PRF em Novo Progresso, cumpre esclarecer que a operação tem o objetivo de desbloquear um trecho da rodovia federal (BR-163) que está sendo obstruído por manifestantes", disse a polícia no Pará, em nota.
Em um dos vídeos, uma criança é carregada por um adulto durante o confronto. "A criança que aparece nas imagens passou mal, foi socorrida pelos policiais rodoviários federais, levada ao pronto atendimento, passa bem e já recebeu alta médica. Na mesma ocorrência, um policial rodoviário federal acabou sendo ferido pelos manifestantes", diz a nota.
O ponto bloqueado é um dos poucos remanescentes do movimento de bolsonaristas para obstruir rodovias no país, numa reação antidemocrática à vitória de Lula. Após um pico no início da semana passada, após o segundo turno, os atos refluíram e persistem nesta segunda apenas em alguns pontos localizados.
Bolsonaro ficou silêncio nos primeiros dias dos atos antidemocráticos, enquanto apoiadores incitavam o movimento nas redes sociais. Apenas na quarta, três dias após a derrota, o presidente postou um vídeo pedindo aos manifestantes para desobstruírem as estradas, de forma que fosse respeitado o direito de ir e vir das pessoas.
A atuação da PRF para interromper as interdições passou a ser investigada pelo MPF (Ministério Público Federal), após vídeos circularem nas redes sociais mostrando conivência de agentes com as ações. A suspeita é de omissão.
O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, é investigado também por um suposto impedimento de eleitores do Nordeste de se deslocarem no dia do segundo turno.
A desinterdição das vias só ganhou mais fôlego a partir da ação do STF (Supremo Tribunal Federal), que validou a ação das polícias militares nos bloqueios, e do vídeo de Bolsonaro direcionado aos manifestantes. A ação se concentrou, então, em batalhões e comandos do Exército. (Vinicius Sassine)
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