Imagem ilustrativa da imagem Beto Richa é réu pela quarta vez na Quadro Negro
| Foto: Ricardo Chicarelli/10-6-2017

O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) é réu pela quarta vez na Operação Quadro Negro, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPPR (Ministério Público do Paraná). Desta vez, o motivo foi a compra de cinco salas comerciais e seis vagas de garagem em um prédio comercial no Centro Cívico de Curitiba, em abril de 2013, uma transação de R$ 2,2 milhões em que pelo menos R$ 500 mil seriam originados de propina. Além do político, foram denunciados a ex-primeira dama, Fernanda Richa, o filho do casal André Vieira Richa, e o contador da família, Dirceu Pupo. A Justiça aceitou a denúncia pelos crimes de lavagem de dinheiro e obstrução de investigação de organização criminosa, na sexta-feira (22).

A negociação chamou a atenção dos promotores tanto pela forma de pagamento como pela escolha dos instrumentos legais a respeito da transação. Segundo a apuração, a compra em nome da empresa Ocaporã Administradora de Bens Ltda., de propriedade da família Richa, foi feita com a permuta de um apartamento em Balneário Camboriú (SC), no valor de R$ 870 mil, outros R$ 500 mil por meio de transação bancária e R$ 830 mil em espécie.

Conforme a denúncia, foram feitos três contratos, em que o apartamento foi supervalorizado, e as salas, subvalorizadas, para esconder dinheiro ilícito. “Sabemos por fatos comprovados que do valor pago em espécie, R$ 500 mil são relativos a pagamento de propina recebido dias antes, segundo confirmação de depoimento e da quebra telemática de e-mail. No entanto, R$ 330 mil não são possíveis de atestar a origem”, explicou o promotor Fernando Cubas, do Gaeco.

A defesa do ex-governador, em nota, afirmou ter recebido a notícia com “perplexidade”. “O ex-governador e seus familiares estão sendo processados novamente, pelo mesmíssimo fato já objeto de duas acusações anteriores. O Ministério Público se contradiz, e agora acusa o ex-governador sem saber apontar a ilicitude dos recursos. A defesa segue depositando sua confiança na Justiça para controlar a perseguição e o abuso contra a família Richa”.

Prisão

A Operação Quadro Negro foi iniciada em 2015 e aponta crimes de corrupção ativa, peculato e desvios de verbas públicas na Secretaria de Estado da Educação, entre os anos de 2012 e 2015. As investigações demonstraram o conluio entre agentes públicos e privados para fraudar laudos de medições e viabilizar o pagamento antecipado de obras de construção, reforma ou ampliação de escolas sem a real execução das obras contratadas. Sobre estes fatos, Beto Richa chegou a ser preso preventivamente em março deste ano. Ele também foi preso por investigação da Operação Rádio Patrulha e de esquema de corrupção nos pedágios do estado, em operação decorrente de uma das fases da Lava Jato.