Curitiba - O ex-governador Beto Richa (PSDB) anunciou na noite de segunda-feira (5) que desistiu de concorrer à Prefeitura de Curitiba. Ele atribuiu a desistência ao pouco tempo de propaganda no rádio e na TV, já que o PSDB não conseguiu se coligar a nenhum outro partido na capital, e disse que a legenda ficará neutra na disputa. Richa foi prefeito de Curitiba por dois mandatos, entre 2005 e 2010.

Um “constrangimento interno” também teria levado o tucano à desistência. O PSDB faz parte de uma federação com o Cidadania, que havia decidido apoiar o candidato do PSD à Prefeitura de Curitiba, Eduardo Pimentel. Atual vice-prefeito, Pimentel tem apoio do governador Ratinho Júnior e do prefeito Rafael Greca, ambos do PSD. O Cidadania fez parte da coligação que ajudou a eleger Greca em 2020 e integra a administração municipal. O fato de Richa ser presidente estadual do PSDB também pesado na decisão, já que ele teria que se dedicar somente a sua campanha em um ano eleitoral.

Com a desistência do ex-governador, Curitiba terá nove candidatos à prefeitura. O vice de Eduardo Pimentel (neto do ex-governador Paulo Pimentel) será o ex-deputado federal Paulo Martins (PL), que ficou em segundo lugar na disputa pelo Senado em 2022.

A principal candidatura da oposição será a do deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), que terá o apoio do PT e o deputado estadual Goura (PDT) como vice. Ducci era vice-prefeito de Beto Richa e assumiu a prefeitura em 2010, quando o tucano renunciou para concorrer ao governo do estado, mas não conseguiu se eleger em 2012.

O ex-governador Roberto Requião, que deixou o PT após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai concorrer pelo Mobiliza, mas terá pouco tempo de propaganda eleitoral e não terá direito a participar dos debates (só participará se for convidado). Outras candidaturas de esquerda serão as de Andrea Caldas (PSOL) e Samuel de Mattos (PSTU).

Racha na direita

A candidatura da deputada estadual Maria Victoria (PP), filha do deputado federal Ricardo Barros, expôs um racha no grupo que ajudou a eleger Ratinho Júnior. O PP esteve na coligação que ajudou a eleger Ratinho em 2018 e 2022, mas, a exemplo de Maringá e Londrina, optou pela candidatura própria. Maria Victoria já foi candidata a prefeita da capital, em 2016, quando terminou em quarto lugar, com 52 mil votos.

Outro sintoma de racha na direita é a candidatura do deputado estadual Ney Leprevost, do União Brasil, partido que integrou a coligação que apoiou Ratinho Júnior em 2022. Leprevost chegou ao segundo turno da eleição em Curitiba em 2016, quando foi derrotado por Gustavo Fruet (PDT). O deputado chegou a ser procurado para compor a coligação que apoiaria Eduardo Pimentel, mas não abriu mão de sua candidatura. Sua candidata a vice é Rosângela Moro, também do União Brasil e mulher do senador Sérgio Moro. Em 2022, ela foi eleita deputada federal por São Paulo.

Os outros dois candidatos à prefeitura da capital serão Luizão Goulart (Solidariedade), ex-prefeito de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e Cristina Graeml (PMB). Cristina Graeml é jornalista com atuação em veículos de direita e recentemente publicou uma foto com Jair Bolsonaro. O ex-presidente, no entanto, poderá declarar apoio a Eduardo Pimentel, que garantiu a vaga de vice para o PL.

Ao anunciar sua desistência, Beto Richa lembrou que dois candidatos neste ano, Ducci e Pimentel, trabalharam em suas gestões na prefeitura e no governo. Ducci foi seu vice na capital e Pimentel foi seu assessor no governo do Estado. O tucano tratou os dois candidatos como seus “ex-auxiliares”.