Balançando no cargo de ministro da Saúde, após o presidente Jair Bolsonaro ameaçá-lo indiretamente de demissão no domingo (5), Luiz Henrique Mandetta tem a aquisição de seu passe especulada por atores do cenário político nacional.

O favorito para receber Mandetta no caso de uma demissão até aqui é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Ainda está no páreo, com menos chances, o tucano João Doria, que governa o mais populoso estado do país, centro do surto do novo coronavírus no país até aqui.

Para o ministro, que foi deputado federal pelo DEM de Mato Grosso do Sul, o protagonismo no manejo da emergência sanitária o tirou do obscurantismo político para uma vitrine nacional de grande impacto.

Ter sido o antagonista do seu chefe, Bolsonaro, só o tornou mais atrativo para rivais potenciais do titular do Planalto. Na inusitada situação colocada pela insistência do presidente em criticar o isolamento social adotado pelos principais estados do país, São Paulo à frente, coube a Mandetta ser o interlocutor de governadores na tentativa de coordenar esforços.

Isso lhe deu um ganho de imagem, como a pesquisa do Datafolha publicada na sexta (3) provou. A aprovação à conduta do ministro tinha o dobro de aprovação do que a de Bolsonaro.

Ir trabalhar com o correligionário Caiado é mais confortável em caso de queda. O governador já disse publicamente que faria do ministro seu secretário de Saúde. O desafio da Covid-19 por ora é mais brando em Goiás do que em São Paulo, e apesar de o governador ter rompido com o governo Bolsonaro, não está numa rixa pública com episódios diários como Doria por não ser um presidenciável óbvio para 2022.

Mandetta em si tinha na mira, dizem aliados, a política sul-mato-grossense. Antes da crise, pensava na prefeitura de Campo Grande e, depois, no governo estadual daqui a dois anos.

Muito de sua decisão passará pelo DEM: o ministro ouve muito Rodrigo Maia (RJ), o presidente da Câmara, e tem conversado com o poderoso vice de Doria, Rodrigo Garcia, que é do partido.