Auditoria confirma fraudes em Cascavel
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 18 de outubro de 2001
Gilmar Agassi<br> De Cascavel
Com cerca de 90 dias de atraso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) finalmente entregou o resultado da auditoria feita nas contas da prefeitura de Cascavel entre os anos de 1997 e 2000. A auditoria, iniciada ainda em abril, constatou diversas irregularidades, entre elas a contratação de serviços sem realização de processos licitatórios e o pagamento integral por obras inacabadas.
Depois de fazer uma breve análise nos resultados recebidos anteontem, o prefeito Edgar Bueno (PDT) repassou os 10 volumes apresentados pela FGV ao presidente da Câmara de Vereadores, Atair Gomes da Silva (PDT), que pretende instaurar uma Comissão Especial para aprofundar as investigações sobre as irregularidades enumeradas na auditoria. Na sessão de ontem, o presidente oficializou o relatório em plenário.
Atair disse que, apesar de não ter lido na íntegra o relatório, algumas irregularidades cometidas na gestão passada ficaram visíveis. Ele relata que a auditoria analisou 150 processos por amostragem, dos quais 76 estão irregulares. ''Vamos escolher vereadores que sejam ligados às áreas contábil e financeira para participar da comissão. Algumas irregularidades precisam ser detalhadas'', ressalta.
O presidente da Câmara apresentou alguns exemplos de irregularidades. Entre elas, compras sem a realização de processos licitatórios e cotação de preços. Atair acrescenta que as investigações constataram que em um convênio firmado com o Detran, no valor de R$ 1,6 milhão, para melhorias no sistema viário, cerca de R$ 900 mil foi gasto sem licitação.
Entretanto, o chefe do Legislativo ressalta como uma das maiores irregularidades o fato de a administração pagar por serviços a empresas que na prática não existiam mais. ''Nos últimos dias do ano passado, pouco antes da transição de cargo, surgiram notas fiscais dessas empresas, que em algumas situações tinham encerrado suas atividades no início do ano. E o mais grave é que estavam em nome de pessoas que ocupavam cargos no alto escalão da administração'', frisou.
Atair Gomes conclui que após o encerramento dos trabalhos da Comissão Especial será decidido qual encaminhamento será dado aos relatórios da auditoria. ''É bem provável que deverá ser encaminhado para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas do Estado.''