A rede de computadores do governo do Paraná vem sendo utilizada para a remessa de mensagens contra o PT, apimentando a campanha do segundo turno para a Prefeitura de Curitiba, onde o petista Ângelo Vanhoni enfrenta o prefeito Cassio Taniguchi (PFL). Segundo informações obtidas ontem pela Folha, um homem que se identificou como Victor Hugo Baccarini Mastrosa usou o endereço eletrônico da Governadoria do Estado, às 17h32 de sexta-feira, para divulgar duas páginas criticando as administrações do PT. Esta e uma outra mensagem, enviada na segunda-feira, às 8h40, por uma pessoa que se identificou como Edwaldo Miguel Costa Curta, circularam também no Tribunal de Contas.
O caso será investigado pela Secretaria de Administração e pela corregedoria do TC. Os funcionários que transmitiram pelo menos três mensagens podem receber sanções administrativas, além de perderem autorização para acesso ao sistema. Em média, 9,5 mil funcionários por dia usam a rede.
Ontem, o corregedor e conselheiro do TC, Nestor Baptista, enviou um ofício à governadoria, solicitando informações sobre o assunto. Existe a desconfiança que os dois nomes sejam fictícios. Na segunda-feira, porém, o secretário interino da Administração, Ricardo Smitjink, já havia usado a rede para alertar aos usuários sobre o correto uso do correio. Ontem, a assessoria de imprensa do governo do Estado comunicou que a secretaria também está investigando o caso.
A primeira mensagem compara a gestão de Luiza Erundina em São Paulo e induz o leitor a imaginar que a ‘‘catástrofe’’ que aconteceu na capital paulista possa se repetir com a eventual eleição de Vanhoni em Curitiba. O autor conta que morou dois anos em São Paulo. ‘‘Fico imaginando também a Rua XV, a Praça Santos Andrade, o Jardim Botânico e o Barigui, aos sábados e domingos, completamente tomados por barraquinhas de camelôs, desempregados e excluídos, tal como a Praça Ramos e o Anhangabaú, na época da Erundina’’, compara.
O autor se diz contrário ao ‘‘voto de protesto’’ e considera ‘‘lamentável’’ a atitude daqueles eleitores que optaram por usar essa maneira de votar no último domingo. ‘‘Voto de protesto é uma ação de um segundo que você passa quatro anos de arrependendo’’, argumenta. Uma das respostas a essa mensagem circulou na manhã de segunda-feira, mas a Folha não teve acesso ao teor do texto assinado por Edwaldo Miguel Costa Curta.
Na outra, assinada por Maria Dirce Botelho Marés de Souza, do setor de documentação do Ipardes, a autora se diz ‘‘surpresa’’ com a utilização da rede de informática do governo para comentários políticos. ‘‘Mas já que o assunto foi abordado, e por alguém da governadoria, entendi que este espaço está liberado para este tipo de manifestação’’, diz.
O teor da mensagem é ameno e afirma que ‘‘a alternância no poder faz parte da democracia’’. ‘‘Não há motivo para pânico. Com serenidade, a população de Curitiba vai poder escolher o que deseja para nossa cidade’’, concluiu.