A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu por unanimidade cassar o ex-deputado Arthur do Val (União Brasil). A decisão foi tomada em votação em plenário na tarde desta terça-feira (17). Com isso, o paulistano perde os seus direitos políticos e fica inelegível por oito anos.

Foram 73 votos a favor da cassação proposta pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp e nenhum contra.

O colegiado abriu processo disciplinar contra Arthur devido aos áudios nos quais ele diz, entre outras coisas, que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres". Eram necessários ao menos 48 votos dos 94 deputados para que a solicitação fosse aprovada.

"Eu fico muito triste, no ano que estamos, no estado que estamos, de ouvir ainda sobre machismo, assédio. Eu espero que nós possamos, na Assembleia Legislativa de SP, dar um grande exemplo de aqui isso não vai acontecer", disse o presidente da Casa, Carlão Pignatari (PSDB), após a conclusão da votação.

Arthur não estava presente na sessão.

"Esse é um momento triste na Assembleia, porque independente do mandatário que está sendo julgado, é sim, um momento que temos que refletir sobre a democracia", discursou, antes da votação, o advogado de Arthur, Paulo Bueno. "Por mais abjetas e repugnantes que sejam as falas, a manifestação de pensamento, no nosso entender, não é suficientemente grave para a cassação do mandato de um parlamentar."

"Que se saibam por aí que machismo pode fazer vocês perderem o mandato. Faço muito orgulho de fazer parte dessa históiria!", discursou a deputada Isa Penna antes da votação. "Hoje é dia de festa! Esse parlamento não quer parlamentar que trata mulheres como caça", afirmou ela. "É com muita satisfação que um machista, um racista, como Arthur do Val, vai ser cassado."

"É um dia muito triste para a Assembleia Legislativa", disse o seu colega Enio Tatto (PT). "O último deputado que foi cassado aqui foi em 1999, o deputado Hanna Garib. E o problema dele foi a máfia dos fiscais quando ele era vereador."

Arthur do Val, também conhecido como Mamãe Falei, foi alvo de 21 representações na comissão de ética do Legislativo paulista por causa daquelas falas, que foram enviadas a um grupo de WhatsApp durante uma viagem que ele fez à Ucrânia.

Em março deste ano, Arthur e o coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos, foram àquele país para, de acordo com os dois, ajudar ucranianos em meio à guerra contra a Rússia –inclusive com a doação de dinheiro.

Na viagem, Mamãe Falei enviou mensagens em formato de áudio para um grupo de WhatsApp que, segundo ele, reunia amigos do futebol. As mensagens acabaram vazando.