Os ataques do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ao ministro da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, quem ele chamou de “desafeto pessoal” e “incompetente” e acusou de plantar notícias falsas, repercutiram em Brasília.

Padilha afirmou na tarde desta sexta-feira (12) que não desceria ao nível das acusações de Lira, e que seu foco é seguir trabalhando com o Congresso para aprovar pautas de interesse do país. "Não vou descer a esse nível", disse ele, em entrevista antes de evento no Rio de Janeiro, acrescentando que sua mãe lhe ensinou que "quando um não quer, dois não brigam".

O ministro afirmou que a relação do governo com o Congresso "é um sucesso". "Considero que governo e Congresso Nacional fizeram uma dupla de sucesso na agenda econômica, na agenda de retomada das políticas sociais."

Na tarde de quinta-feira (11), Padilha publicou um vídeo gravado na quarta (10) em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogia seu trabalho como articulador do governo. O ministro não cita o presidente da Câmara, que concedeu entrevista coletiva durante o evento FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) Itinerante, na 62ª ExpoLondrina, mas fala da "competência" da pasta.

“Ter ouvido isso ontem [quarta-feira], publicamente, do maior líder político da história do Brasil é sempre uma honra para toda a equipe do Ministério das Relações Institucionais. Agradecemos e estendemos esse reconhecimento de competência ao conjunto dos ministros e aos líderes, vice-líderes e ao conjunto do Congresso, sem os quais não teríamos alcançado os resultados elogiados pelo presidente Lula, com a aprovação da agenda legislativa prioritária para o governo e para o Brasil”, escreveu Padilha em seu perfil no X.

Lula afirma no vídeo que o ministro “possivelmente tem o cargo mais espinhoso do governo”, já que lida diretamente com o Congresso Nacional.

“Essa relação é muito boa no começo, o deputado pede alguma coisa, o senador pede alguma coisa. Você promete, está maravilhoso. Depois de algum tempo, começa a cobrança e não tem a entrega para fazer, aí começa o martírio”, disse o presidente.

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que se esforça para manter uma boa relação com o governo e que considera Padilha “competente”, indo contra a declaração de Lira.

"Ninguém é perfeito, mas ninguém é tão mau assim. Eu me esforço muito para manter uma boa relação com o governo, com o próprio ministro Alexandre Padilha, por quem eu tenho afeição, tenho simpatia, e o considero também competente. Da parte do Senado Federal, vamos buscar ter o melhor relacionamento com o governo e com o próprio ministro Alexandre Padilha", disse em entrevista à imprensa, em Brasília.

As críticas de Lira ao ministro ocorreram quando ele foi questionado sobre o possível enfraquecimento da sua liderança após a Câmara manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em 2018.

“Essa notícia foi vazada pelo governo, basicamente do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, e incompetente. Não existe partidarização. Eu deixei bem claro que a votação de ontem (quarta-feira) é de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não teve um partido que fechasse questão”, afirmou. (Colaborou Nicola Pamplona/Folhapress)