Após impasse na transição, sede para Ippul e Codel cai na Câmara
Maioria dos vereadores votou contra o projeto que trocava um terreno do município por um prédio na zona sul de Londrina
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Maioria dos vereadores votou contra o projeto que trocava um terreno do município por um prédio na zona sul de Londrina
Douglas Kuspiosz - Reportagem Local
O plenário da CML (Câmara Municipal de Londrina) optou por rejeitar o PL (Projeto de Lei) n° 176/2024, que gerou impasses durante o processo de transição de governo de Londrina. O texto autorizava a troca de um terreno do município por um prédio, ambos na avenida Waldemar Spranger, para abrigar o Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) e a Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina).
O caso mais urgente é o da Codel, cujo contrato de aluguel da sede na avenida Adhemar Pereira de Barros termina em dezembro e já existe ordem de desocupação. O Ippul, que também paga aluguel, está no prédio da Caapsml (Caixa De Assistência, Aposentadoria E Pensões Dos Servidores Municipais De Londrina), mas o entendimento é que é necessário um espaço maior e melhor.
A votação em segundo turno terminou com oito votos favoráveis e 11 contrários - Beto Cambará (PRD), Giovani Mattos (PSD), Jessicão (PP), Nantes (PL), Santão (PL), Chavão (Republicanos), Deivid Wisley (Republicanos), Emanoel Gomes (Republicanos), Jairo Tamura (União), Mara Boca Aberta (PMB) e Roberto Fú (PL). Na primeira discussão, no último dia 14, apenas Chavão e Fú foram contra.
O coordenador da equipe de transição de Tiago Amaral (PSD), Gerson Guariente, chegou a enviar um ofício na quarta-feira (27) para o prefeito Marcelo Belinati (PP) solicitando a suspensão da tramitação por tempo indeterminado, “até que todas as possibilidades sejam debatidas e esclarecidas pela gestão que assumirá em 2025”.
Para o líder do Executivo na Câmara, vereador Eduardo Tominaga (PP), é natural que a questão política tenha influenciado na discussão do projeto em meio à transição. E postergar a votação traria mais prejuízos.
"Precisávamos votar o projeto. Não é porque queríamos fazer algum enfrentamento com a transição, mas porque o pedido de retirar por tempo indeterminado daria uma instabilidade muito grande para o dono do imóvel que estava sendo permutado e para a própria Codel”, afirmou em entrevista coletiva.
Um dos parlamentares que mudaram de posição entre o primeiro e segundo turno, Emanoel Gomes, presidente da CML, disse que após a primeira votação conversou com Amaral sobre o projeto de lei. O voto no dia 14 foi para garantir mais tempo para discutir a proposta, argumenta.
“Quanto ao PL, não tenho óbice, o mérito é excelente, mas se vamos fazer uma permuta neste momento e este espaço não será utilizado para ser colocado a Codel e o Ippul, se a visão do novo prefeito é outra, porque não respeitar isso?”, questionou Gomes, que entende que este é o momento “de acalmar um pouco e ouvir a visão do próximo prefeito”.
“Eu tive uma conversa com o prefeito [eleito] e alguns membros da equipe de transição. A visão deles é trazer a Codel e o Ippul para o Calçadão. Eu comungo com esse pensamento, fica mais perto da população”, continuou o presidente.
DESOCUPAÇÃO
O diretor de Desenvolvimento da Codel, Atacy de Melo Junior, explica que o instituto precisa sair do prédio da avenida Adhemar Pereira de Barros ainda em dezembro, a pedido do proprietário. O imóvel tem uma série de problemas e a renovação também não era uma possibilidade, como já havia adiantado o presidente Fábio Cavazotti.
“Era uma solução que desde o início do ano estava sendo pesquisada e construída, através desse projeto de lei, com a devida avaliação [imobiliária]. A Codel é um cartão de visitas da cidade e precisa, de fato, de um lugar adequado”, pontuando que o instituto precisará buscar outro local para se instalar. “Eu acredito que a equipe de transição tenha em mente alguma solução, já que orientou que não seria interessante esse PL no momento.”
FUTURO DA CODEL
Uma das ideias é levar a Codel para perto da Prefeitura de Londrina, no Centro Cívico, o que no entendimento da transição traria maior integração. Outra opção é levar o instituto para o Calçadão da avenida Paraná.
De acordo com Guariente, que falou com a reportagem após a rejeição do projeto, esse é um ponto ainda em debate dentro da transição. Dependerá da estratégia que a próxima gestão vai adotar: ter o instituto ao lado do gabinete do prefeito ou ocupando espaços na área central, “para simbolizar o desenvolvimento da cidade”.
“Nos próximos 30 dias é a administração pública em exercício que tem que resolver isso. Estamos nos colocando à disposição para ajudar”, afirma o coordenador, que quer encontrar uma solução que evite uma nova troca de sede no curto prazo. “Vamos dar opiniões e sugestões”.