A Seed (Secretaria Estadual de Educação) resolveu trocar o comando do Núcleo Regional de Educação de Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro, depois que a agora ex-chefe da pasta, Ana Paula Tavella Machado dos Santos, acabou se envolvendo em ao menos duas polêmicas. O decreto que oficializa a mudança foi assinado pelo governador Ratinho Jr. (PSD), o secretário de Educação, Renato Feder, e o chefe da Casa Civil, Guto Silva (PSD).

O documento foi publicado na edição de terça-feira (24) do Jornal Oficial do Estado. A servidora foi alvo de dois inquéritos civis do Ministério Público, um para investigar o uso de carros oficiais do NRE para compromissos particulares e outro para apurar o desvio de merenda escolar. Os casos renderam uma ação por improbidade administrativa, apresentada à Justiça no começo do mês.

Imagem ilustrativa da imagem Após escândalo de desvio de merenda, ex-chefe do NRE de Cornélio Procópio é exonerada
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

O promotor Erinton Dalmaso pediu o afastamento da funcionária pública e a proibição dela entrar nas dependências do Núcleo, mas a juíza Thaís Terumi Oto não concedeu a liminar. A primeira denúncia aponta que Ana Paula já teria guardado os veículos do Estado "na garagem de sua residência". O Ministério Público sustentou que ela tentou disfarçar a irregularidade armazenando os automóveis no pátio do Detran de Bandeirantes, "o que acarretou danos pela manutenção, revisão e gastos com combustível".

Em relação ao desvio de alimentos, a ex-chefe foi acusada de usar um veículo oficial do NRE para levar os produtos a uma entidade assistencial que não teria vínculo com o órgão. O promotor incluiu na ação supostas conversas de WhatsApp de servidores relatando uma possível intimidação e tentativa de obstrução das investigações.

Dalmaso pediu que a juíza reconsiderasse a decisão de não afastar Ana Paula, alegando que "é inadmissível que a mesma use de sua hierarquia para coagir os servidores do NRE, todos possíveis testemunhas dos atos ilícitos por ela praticados. O simples fato de chamá-los para conversa reservada logo após o cumprimento das buscas e apreensões ou antes de prestarem seus depoimentos".

No entanto, a solicitação mais uma vez foi negada pela magistrada. Com o decreto de exoneração, a ação acaba perdendo efeito. Questionada quais seriam os motivos para o desligamento, a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação apenas confirmou a demissão de Ana Paula Tavella, que continua como servidora. A FOLHA não conseguiu contato com a acusada, que também não tem advogado constituído no processo.