Após agressões, Lira quer punição a deputados que quebrem decoro
Presidente da Câmara diz que Congresso fica desmoralizado com episódios como xingamentos a Lula e tapa de petista em colega bolsonarista
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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Presidente da Câmara diz que Congresso fica desmoralizado com episódios como xingamentos a Lula e tapa de petista em colega bolsonarista
Cézar Feitoza/Folhapress
Brasília - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (21) esperar que os partidos políticos não fechem acordos para preservar de punição os deputados que participaram de agressões físicas e verbais durante a promulgação da reforma tributária.
Lira se referia ao tapa dado pelo deputado Washington Quaquá (PT-RJ) no rosto do deputado Messias Donato (Republicanos-ES) e às vaias de bolsonaristas contra a presença do presidente Lula (PT) na solenidade.
"Eu apelo sim pela dignidade política dos partidos envolvidos para que, depois desses atos de deputados que patrocinaram todo tipo de deselegância e atos de falta de decoro, não se tenha acordo no Conselho de Ética - como já houve em outros casos -, para se proteger PT e PL, principalmente, para proteger os que lá foram e lá estavam", disse Lira em entrevista à GloboNews.
"Infelizmente aconteceu e eu espero, sinceramente, que os membros do Conselho de Ética ajam com o rigor necessário, porque existiram xingamentos de todos os lados, e o fato como aconteceu não deixa ninguém feliz", continuou.
Para o presidente da Câmara, as brigas ofuscaram a histórica promulgação da reforma tributária. "O fato ontem [quarta], claro, deprecia, desmoraliza, é ruim para o Parlamento. As imagens que ficam e que vão para o mundo são depreciativas [...]. Eu não concordo com tudo que o presidente Lula defende e, nem por isso, nós nunca nos agredimos. Ele defende ideias diversas das nossas, mas a política é a arte de viver com contrários, a arte de conviver com pessoas nessa pluralidade partidária que a Câmara tem", completou.
Lira ainda mencionou que se reuniria com líderes partidários nesta quinta para conversar, entre outras coisas, sobre os casos.O Republicanos prepara uma representação contra Washington Quaquá para o Conselho de Ética. No documento, o partido vai pedir a cassação do mandato do parlamentar pela agressão cometida contra Messias Donato.
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A agressão ocorreu enquanto o petista filmava deputados bolsonaristas que gritavam contra Lula, o chamando de "ladão". Quaquá trocou ofensas com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), com ataques homofóbicos. Na sequência, Messias Donato puxou o braço do petista, em aparente tentativa de retirar o celular da mão do parlamentar. Em troca, Quaquá deu um tapa no rosto do deputado capixaba.
"Dou um, dou dois"
O deputado petistas disse à reportagem que não se arrepende da agressão. "E esse tal de Messias - que eu nem sei quem é -, que estava xingando o Lula, pega no meu braço, tenta tomar o meu telefone e me empurra. Ele toma um tapa no meio da cara. Dei um, dou dois, dou três, não tenho problema nenhum. Se me agredir, eu agrido eles. Estão acostumados a querer dar uma de machão, de bater nos outros, os bolsonaristas, comigo a porrada canta. Dei-lhe um tapa na cara, e um bem dado", afirmou.
Choro
Parlamentar agredido, Messias Donato cobra repostas e diz ter medo. O deputado federal chorou no plenário da Câmara dos Deputados ao comentar o caso na noite desta quarta-feira (20). Em sua fala, destacou que a resposta do caso deve ser para todos os brasileiros e comentou estar abalado de forma física e psicológica.
O deputado se disse "humilhado". "Essa Casa não serve para isso, não é um ringue. A briga é no campo de ideias, cada um fica nas trincheiras que defende. Eu não tenho culpa, senhor presidente, se eu defendo a vida, a família, os valores cristãos, eu não tenho culpa", disse.