SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A relação com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tem gerado descontentamento na equipe de Bruno Covas, também tucano.

Para membros da gestão municipal, a condução da cidade na crise do coronavírus, comandada pelo prefeito, tem sido ofuscada pela máquina de projeção de imagem do governador.

Doria tem a pretensão de disputar as eleições presidenciais de 2022. No entanto, dizem os covistas, ele parece esquecer que seu aliado tentará a reeleição daqui a alguns meses, em 2020.

Uma preocupação adicional na tomada de decisões e na elaboração de projetos de Covas tem sido, por exemplo, a divulgação deles antes que isso seja feito pelo governador.

A relação dos dois chegou a um ponto baixo nos últimos dias, nas negociações sobre o projeto de flexibilização da quarentena apresentado pelo governador de São Paulo, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo.

Inicialmente, o governo do estado planejava incluir a capital no grupo de municípios da chamada "área vermelha", sobre a qual incidem as regras mais rigorosas, sem reaberturas. Após reação de Covas, São Paulo foi colocada na laranja e terá a permissão para reabrir shoppings e lojas de rua.

Na avaliação dos tucanos da capital, Covas é prejudicado quando o governador cita publicamente os projetos municipais de combate ao novo coronavírus com referências tímidas ao prefeito. Com isso, argumentam, Doria fica com os louros de ações que são principalmente do município.

É o caso dos hospitais de campanha do Pacaembu e do Anhembi, que são municipais (ainda que tenham tido também investimento estadual), mas são frequentemente citados pelo governador.

O apoio financeiro do estado também tem sido motivo de queixas na gestão municipal, o que ainda piora a equação. Antes mesmo da pandemia, os tucanos esperavam mais apoio de Doria em projetos na capital, dado que 2020 é ano eleitoral.

Dessa forma, avaliam, Covas fica com o ônus dos gastos e investimentos, mas sem os bônus, dos quais depende para continuar no posto por mais quatro anos.