Embora defina como uma “mudança radical” os primeiros meses do Executivo federal sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na comparação com a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Diego Garcia (Republicanos) não nega apoio à gestão petista em determinadas pautas — porém, sem abrir mão de legislar em favor de temas que engajam sua base de eleitores.

“Estou sendo demandado pela população em diversas áreas. Eu não vou me esquivar de participar de nenhum tipo de reunião, de audiência com ministro. Se tiver que conversar com o presidente Lula e defender a cidade de Londrina, obras que são fundamentais para o desenvolvimento da nossa região, vou estar sempre presente”, afirmou o parlamentar em entrevista à FOLHA na sexta-feira (2).

Atuando em Londrina, mas com laços políticos no Norte Pioneiro e contando com apoio de setores da Igreja Católica, Garcia disse que o Republicanos “não será da base do governo”, mas não fará “oposição a tudo”. “Algumas pautas são caras para o nosso partido, principalmente de valores, de costumes, ideológicas. Isso é inegociável”, declarou.

Segundo ele, os 42 deputados do Republicanos estão na “linha da independência”, apesar de bastidores recentes darem conta de que a sigla estaria sendo cotada para passar a ocupar um espaço na equipe ministerial de Lula.

A posição de momento pode ser exemplificada em duas votações na semana passada que, por sua vez, abalaram o panorama geral da relação entre o Executivo e Legislativo. Garcia votou com o Palácio do Planalto na aprovação em cima da hora da medida provisória (MP) que manteve os atuais 37 ministérios, mas também cravou ‘sim’ ao projeto de lei (PL) do marco temporal de terras indígenas.

Contorno Leste

Quanto a pautas de Londrina e região, Garcia frisou a reivindicação ligada ao Contorno Leste — tema que, nesta segunda-feira (5), será levado por uma comitiva ao governador Ratinho Junior (PSD) para buscar apoio do chefe do Executivo estadual em torno da obra de conexão entre a PR-445 e a BR-369.

“Se não fizermos esse movimento agora, mais uma vez a cidade de Londrina vai ficar de fora. Nós vamos pagar essas obras em outras grandes cidades, que eu não sou contra, mérito daqueles que trabalharam para a inclusão dessas obras. É importante que as lideranças se unam para mostrar que não estamos contentes”, cobrou o deputado.

Para ele, outras regiões do Paraná — entre elas, a de Maringá (Noroeste) — estão “muito mais organizadas” quando se trata de implantar projetos vultosos de infraestrutura, já que, não avaliação dele, há “corpo técnico” para se dedicar a essas iniciativas.

Para reverter esse quadro, o parlamentar comentou que deve haver protagonismo por parte de nomes como o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP). “Ele é hoje talvez a maior liderança política da nossa região. Ele sabe, acredito, da responsabilidade que tem sobre as costas.”

Bancada local

Perguntado a respeito das eleições do ano que vem, Garcia apontou que a prioridade de momento no Republicanos em Londrina é começar a formar uma chapa competitiva com nomes para concorrer a vereador. O pleito proporcional deve trazer novos aspectos em 2024, como menos partidos e candidatos no páreo.

Para ele, “tem que ter um voto qualificado, bons nomes, gente que tenha voto”. Hoje a sigla detém uma cadeira, a do presidente Emanoel Gomes, mas os planos são conquistar três assentos. Já a posição para a eleição para prefeito ainda não está fechada e, de acordo com Garcia, também vai depender de como caminhar a articulação com os cotados em concorrer ao Legislativo.