A oposição pode ganhar hoje a adesão do presidente do Congresso, senador Jader Barbalho (PMDB-PA), e do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) para assinatura do requerimento de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) da corrupção. Alguns correligionários, contudo, afirmam que apenas os ‘‘rebeldes’’ da bancada governista devem fazer coro. ‘‘ACM e Jader assinarão apenas para mostrar coerência com eles próprios, mas, certamente, tanto no PFL quanto no PMDB eles não falam pela bancada, que não vai assinar’’, afirmou um cacique pefelista.
O governo continua insistindo na ofensiva de que a CPI é apenas ‘‘circo’’ da oposição. Ontem, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior (BA), disse que o governo não estuda represálias para quem assinar. ‘‘Isso não existe porque os governistas sabem que a estratégia da oposição é apenas montar um palco político-eleitoral para desgastar o governo’’, afirmou. ‘‘Quem apóia o governo e não quer desgastá-lo não assinará o requerimento.’’
Apesar de integrantes da oposição admitirem que esta é a semana decisiva para a CPI vingar ou não, os líderes querem ganhar fôlego até dia 5, quando promovem um movimento nacional para conseguir mais assinaturas. Hoje, a primeira ação do líder da oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), ao chegar a Brasília, será levar o requerimento a ACM e Jader. Ontem, ACM afirmou que está apenas à espera da visita de Dutra para assinar o requerimento no gabinete.
ACM, contudo, não arrisca um prognóstico de quantos pefelistas poderão assinar junto com ele. ‘‘Por enquanto, estou jogando no caso sozinho, mas pode ser que alguém venha a fazer o mesmo’’, afirmou. O senador Waldeck Ornélas (BA) foi um pefelista que disse que estaria ‘‘propenso a assinar’’.
O presidente do Senado também disse ontem que poderá apoiar a CPI da Corrupção. ‘‘Vou conversar com meus companheiros de partido, mas minha tendência é assinar’’, disse Jader. ‘‘Vou ver se os temas tratam dos fatos determinados e relevantes para o interesse do País.’’
No Senado, há apenas 16 assinaturas confirmadas, somente da oposição. Dutra continua mantendo a idéia de não divulgar os nomes para evitar ‘‘represálias do governo federal’’. Para um pedido de CPI mista, são necessárias as assinaturas de 171 deputados e de 27 senadores.
Na Câmara, ainda não há governistas explicitando os votos. A oposição espera adesões do PPB e do vice-líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA). Há especulações de que os deputados Cunha Bueno (PPB-SP) e Delfim Neto (PPB-SP) possam assinar o requerimento. Os três não foram encontrados ontem pela reportagem.
O líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), afirmou que as assinaturas ainda são apenas da oposição, com cerca de 120 nomes. ‘‘A ofensiva será na terça-feira (hoje) e quarta-feira (amanhã), no plenário. Os parlamentares vão pessoalmente aos gabinetes dos colegas’’, prometeu. Segundo ele, cada deputado abordará a lista de acordo com os Estados de origem. Os alvos principais serão o PMDB e PFL. (Colaboraram Rosa Costa, Sônia Cristina Silva e Gilse Guedes)