Aliados elogiam discursos lidos por Lula e Alckmin após polêmicas
Em sua sexta candidatura ao Palácio do Planalto, petista adota retórica da conciliação em nome do enfrentamento a Bolsonaro
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sábado, 07 de maio de 2022
Em sua sexta candidatura ao Palácio do Planalto, petista adota retórica da conciliação em nome do enfrentamento a Bolsonaro
Folhapress
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou temas controversos em seu discurso no evento de lançamento de sua pré-candidatura, neste sábado (7). Assuntos que causaram ruídos na pré-campanha, como a crítica às reformas trabalhista e administrativa, por exemplo, não foram abordados.

Em sua sexta candidatura ao Palácio do Planalto, o petista adotou a retórica da conciliação em nome do enfrentamento ao presidente Jair Bolsonaro (PL), simbolizada em sua aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB e se filiou ao PSB para se somar à campanha.
A fala do ex-presidente girou em torno da defesa da retomada econômica, da geração de empregos e do combate à fome, em contraposição a retrocessos atribuídos pelo PT ao governo Bolsonaro. O pré-candidato disse que sua candidatura é fruto de um movimento e busca atrair novos apoios.
No fim da solenidade, ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) afirmou que a opinião de Lula sobre a pauta das reformas não é desconhecida, mas que o ato deste sábado tinha o objetivo de ser mais amplo.
Na avaliação dele, o ex-presidente precisava falar em nome de uma frente com sete partidos - PT, PSB, PC do B, Solidariedade, PSOL, PV e Rede Sustentabilidade. A coalizão está sendo chamada de Movimento Vamos Juntos pelo Brasil, em uma tentativa de diluir a hegemonia de Lula.
Para Dino, o evento expôs amplitude política, "não só com as presenças, mas com as propostas e ideias". "Mostrou que Alckmin e Lula estão com o diagnóstico correto e fazendo o contraste com o Brasil de hoje, da tragédia social, e o legado que Lula representa, ao mesmo tempo em que aponta ao futuro", disse.
Além de líderes e integrantes dos partidos que já declararam apoio à candidatura, estiveram no ato aliados como os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), cujos partidos não endossam a chapa do petista.
Dino reforçou também que o discurso de ambos deu o tom do que deverá ser a campanha, com busca de leveza e unidade. "É emblemático [Alckmin] falar do chuchu. Não é só uma brincadeira, tem relevância política. Mostra que vamos fazer uma campanha leve, de paz, para contrastar com a violência."
LULA COM CHUCHU
Em sua participação, por meio de vídeo, já que contraiu Covid-19 e não pôde estar no palco, Alckmin disse que "lula é um prato que cai bem com chuchu", fazendo piada com seu apelido de "picolé de chuchu".
Lula, que no passado já usou a alcunha para qualificar o então rival como insosso, endossou a piada do agora companheiro de chapa. Afirmou que a combinação é extraordinária, será "o prato predileto de todo o ano de 2022 e se tornará o prato da moda no Palácio do Planalto a partir das eleições".
O ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), que atuará na campanha presidencial, disse que Lula busca falar para vários setores sociais, inclusive aqueles resistentes ao PT. Segundo ele, Alckmin terá a função de ampliar esse alcance. "Haverá uma linha mais fácil pelo elo construído por Alckmin", disse.
Do ponto de vista da pauta econômica, Lula defendeu a manutenção da Eletrobras como estatal, mas não citou a revisão de privatizações no setor energético. Temas da pauta de costumes, caros ao bolsonarismo, foram pincelados, sem serem aprofundados.
Os dois integrantes da chapa leram seus discursos, com pequenas intervenções fora do que estava escrito. Falas improvisadas de Lula nas últimas semanas foram marcadas por declarações desastradas, com recuos em alguns casos. Parte delas irritou aliados e deu combustível aos rivais.

