A AGU (Advocacia-Geral da União) entrou com recurso para que a Justiça Federal do Distrito Federal faça o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens dos supostos financiadores dos atos antidemocráticos que terminaram na invasão e vandalismo dos prédios dos Três Poderes da República, em Brasília, no domingo (8).

A lista traz nomes de 52 pessoas e de sete entidades ou empresas. Dez pessoas são do Paraná (uma de Londrina). Já das sete pessoas jurídicas, três são do Estado: Associação Direita de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro); Sindicato Rural de Castro (Campos Gerais); e RV da Silva Serviços Florestais LTDA, de Piraí do Sul, também dos Campos Gerais.

São Paulo, com 26 nomes, concentra o maior número de pessoas apontadas como financiadoras pela AGU. Em seguida aparecem o Paraná (10), Minas Gerais (8), Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás (dois cada), além de Santa Catarina e Mato Grosso (um cada).

O londrinense apontado na lista é Pedro Luis Kurunczi, empresário que atua no segmento de projetos industriais, com uma das empresas situadas no bairro Waldemar Hauer. Também são apontados pela AGU como financiadores: Ademir Luis Graeff, de Missal; Adriane de Casia Schmatz Hagemann, de Realeza; Adriano Luis Cansi, de Cascavel; José Roberto Bacarin, de Cianorte; Leomar Schinemann, de Guarapuava; Marcelo Panho, de Iguaçu; Ruti Machado da Silva, de Nova Londrina; Stefanus Alexssandro Franca Nogueira, de Ponta Grossa; e Vanderson Alves Nunes, de Francisco Beltrão.

De acordo com a AGU, a quantia deverá ser utilizada para reparar danos causados pela depredação de patrimônio público e poderá ser ampliada na medida em que prejuízos sejam contabilizados.

A advogada de Pedro Luis Kurunczi, Ana Paula Delgado Barroso, ressaltou que a defesa de seu cliente será no sentido de dizer que Kurunczi não compactua com qualquer ato de vandalismo, que não sabia e nem havia como saber que ocorreria esse fato e também não financiou com recursos próprios a locação dos quatro ônibus, que teriam sido fretados por meio de cotização entre várias pessoas. “Ele estava participando da manifestação em frente ao Tiro de Guerra aqui em Londrina e quando surgiu essa intenção de todo mundo ir a Brasília protestar, eles se cotizaram. Fizeram vaquinha ou transferência por Pix. Alguém tinha que fretar o ônibus, porque isso não pode ser feito em nome de 40 pessoas.”

Ela reforçou que Kurunczi não financiou e nem teria dinheiro para ficar fazendo isso. Barroso ressaltou que foram quatro ônibus que saíram de Londrina pela Viação Garcia. “Evidentemente ele é contra atos de vandalismo, como todo cidadão de bem que se preze. Em mais de dois meses, as manifestações sempre foram pacíficas e não havia indício de que essa seria diferente.”

Ela questionou o fato do governo envolvê-lo nos atos de vandalismo. “Isso não pode ser generalizado. Não é porque as pessoas fretaram ônibus que devem estar nessa lista. Não tem um fato imputado. Nada associa que todo mundo que fretou ônibus seja um financiador. O ato de manifestar é livre”, declarou. “Ele se surpreendeu e ficou horrorizado também. Ele é contrário a esses atos de vandalismo" Barroso reforçou que seu cliente não deve nada e declarou que ele vai prestar seus esclarecimentos na justiça.

A reportagem tentou falar com Ruti Machado da Silva, de Nova Londrina (PR), outra pessoa citada na lista da AGU, e quem atendeu foi o genro dela, Danilo Bonifácio. Ele afirmou que foi ele quem preencheu o formulário com o nome da sogra, mas não foi ela a contratante dos serviços dos ônibus. Ele afirmou que já prestou depoimento à polícia e teria revelado quem foram os verdadeiros contratantes. Ao ser indagado sobre quais os nomes dos reais contratantes, ele não quis revelar para a imprensa, apenas disse que os nomes já estão com a polícia. Ao longo da tarde, a equipe de reportagem tentou contato com os outros paranaenses e entidades que tiveram os nomes citados pela AGU, mas não obteve sucesso.

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