A decisão do desembargador Cyro Crema, do Tribunal de Justiça (TJ), frustrou a expectativa das lideranças que foram ontem à tarde à Câmara e esperavam ver aprovada a Comissão Processante contra o prefeito Antonio Belinati. A maioria classificou a decisão como uma ‘‘ingerência’’ do poder Judiciário sobre o Legislativo.
‘‘Primeiro é uma ingerência. Segundo, demonstra o medo do prefeito Belinati em enfrentar um julgamento. Seria muito mais ético ele pedir a abertura da Comissão Processante para que pudesse se defender das acusações’’, disse o advogado Newton Moratto, presidente do Conselho Comunitário de Segurança.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi, disse que foi surpreendido com a decisão do TJ. ‘‘Esperava ver a Comissão Processante ser aprovada hoje. Mas essa decisão frustra a população de Londrina’’, lamentou.
Padre Manoel Joaquim, assessor de comunicação da Arquidiocese de Londrina, acredita que a decisão do TJ complica ainda mais a situação do prefeito. ‘‘As entidades e a sociedade ficaram indignadas e vão perseguir ainda mais a verdade’’, disse.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindiserv), Gláudio Renato de Lima, também lamentou a decisão do TJ. ‘‘O prefeito não aproveitou a oportunidade de se defender e dizer que o Alonso (pivô das denúncias) é um grande mentiroso’’, disse o sindicalista. ‘‘O que o TJ vai dizer se o Ministério Público denunciar os envolvidos e entre eles estiver o prefeito?’’, questionou.
‘‘E não é possível que o TJ se intrometa numa questão que já foi julgada aqui’’, concorda o presidente do diretório local do Partido dos Trabalhadores (PT), André Vargas. O advogado Carlos Roberto Scalassara, coordenador do Centro de Direitos Humanos (CDH), acrescenta: ‘‘Se essas falcatruas não tiverem o tratamento devido, servirá de péssimo exemplo para que isso tudo continue.’’
O pedido de formação de uma Comissão Processante também ganhou eco no próprio partido do prefeito, o PFL. A corretora de imóveis Sônia Maria Lima Medeiros, presidente da Associação das Mulheres de Negócios e Profissionais de Londrina e também filiada ao PFL, levou à Câmara uma carta dirigida a Farage Kouri, presidente do partido, em que pede que não haja ‘‘pressão’’ sobre os vereadores na hora de votar a comissão.
‘‘Peço que o partido dê liberdade aos nossos reais representantes. O Brasil está olho em Londrina e é importante que aprovem essa comissão. Se o prefeito não é culpado, esse é o momento de se defender’’, disse. (Lúcio Horta, com colaboração de Patrícia Zanin)