(L to R) Brazilian presidential candidates Luiz Felipe D'Avila (Novo), Luiz Inacio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), Jair Bolsonaro (PL), Soraya Thronike (Uniao) and Ciro Gomes (PDT) take part in the presidential debate ahead of the October 2 general election, at Bandeirantes television network in Sao Paulo, Brazil, on August 28, 2022. - Brazil's President Jair Bolsonaro faces his biggest rival for the presidency, popular leftist Luiz Inacio Lula da Silva, after days of uncertainty over whether they would participate. The debate is the first in the campaign calendar and organizers have also invited four other candidates, including former finance minister Ciro Gomes and Senator Simone Tebet. (Photo by Miguel SCHINCARIOL / AFP)
(L to R) Brazilian presidential candidates Luiz Felipe D'Avila (Novo), Luiz Inacio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), Jair Bolsonaro (PL), Soraya Thronike (Uniao) and Ciro Gomes (PDT) take part in the presidential debate ahead of the October 2 general election, at Bandeirantes television network in Sao Paulo, Brazil, on August 28, 2022. - Brazil's President Jair Bolsonaro faces his biggest rival for the presidency, popular leftist Luiz Inacio Lula da Silva, after days of uncertainty over whether they would participate. The debate is the first in the campaign calendar and organizers have also invited four other candidates, including former finance minister Ciro Gomes and Senator Simone Tebet. (Photo by Miguel SCHINCARIOL / AFP) | Foto: Miguel SCHINCARIOL / AFP

Como o esperado, o debate entre os presidenciáveis do último domingo (28), através do canal Bandeirantes, em parceria com o Google, TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo, gerou bastante repercussão nas redes sociais. Muitos comentários sobre as propostas e o comportamento dos envolvidos, com isso muita especulação. Como deve ser a preparação dos candidatos, escolha das perguntas para os adversários, maneira em que reagem às questões e até mesmo o tom em que respondem.

Foi o primeiro debate entre os presidenciáveis e contou com a presença dos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT) - e os candidatos de partidos com representação na câmara dos deputados - Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (UB).

O jornalista mineiro João Henrique Faria professor, consultor e estrategista político, trabalha na área desde 1989, e à pedido da reportagem da Folha de Londrina, explicou sobre a relevância, principais pontos, e como os políticos devem se preparar antes, durante e depois de um debate.

Para aproveitar da melhor maneira possível o tempo disponibilizado nesses encontros, os candidatos precisam se atentar a várias coisas, incluindo a parte comportamental, disse o estrategista.

“Debates são momentos de verdade, são aqueles em que os candidatos estão em contato com o eleitor sem edições prévias, sem cortes, o que saiu ali, saiu”, afirma Faria. É um momento para os postulantes aos cargos no Executivo e Legislativo mostrarem suas estratégias e posicionamento para população, afirmou o especialista.

João Henrique Faria, estrategista político: “Debates são momentos de verdade, são aqueles em que os candidatos estão em contato com o eleitor sem edições prévias, sem cortes, o que saiu ali, saiu”
João Henrique Faria, estrategista político: “Debates são momentos de verdade, são aqueles em que os candidatos estão em contato com o eleitor sem edições prévias, sem cortes, o que saiu ali, saiu” | Foto: Arquivo pessoal

Os líderes nas pesquisas devem participar?

“Debates são um aceno para democracia, é a demonstração clara de que está disposto a passar informação para sociedade sobre aquilo que você é e acredita”, reflete Faria. Mesmo com as problemáticas que podem surgir, é extremamente importante a participação dos candidatos para a democracia e a população.

Os debates geram indagações envolvendo as problemáticas da sociedade e podem trazer desconforto para os candidatos e muitas vezes podem sair mal falados entre eleitores e principalmente os opositores, lembra o estrategista.

Em todas as eleições, é comum que várias pesquisas eleitorais sejam realizadas – sendo as mais conhecidas a DATA-FOLHA, IPEC, IPESPE, FSB, QUAEST, Paraná Pesquisas, e outros. Por meio delas, os candidatos vão guiando sua campanha, marketing e até mesmo posicionamento vão sendo moldados pelas pesquisas, comentou.

CANDIDATO VAI PARA O DEBATE, E AGORA?

A preparação antes do debate é algo essencial, estar atento é indispensável e para isto muitas coisas podem ser feitas. Segundo o estrategista, ter uma boa bagagem mínima de conhecimento faz toda a diferença nestes acontecimentos, ter experiência e propriedade no que está argumentando faz todo sentido. E com isto entram dois pontos bem decisivos para o debate, sendo eles o media training e o aconselhamento especifico.

O media training é um conjunto de coisas que ajudam fortemente nesta hora em que os candidatos estão sendo julgados. Preparação com a oratória, controle emocional e desenvoltura, trazem bons resultados.

Já o aconselhamento especifico consiste no estudo com fontes verdadeiras sobre os pontos mais discutidos no país como a saúde, pandemia, energias renováveis, emprego, renda e outros. “Não basta ir apenas com a fichinha”, diz.

E DURANTE?

Além de estudar muito, o candidato precisa entender que antes de qualquer coisa ele está falando com o eleitor, para a sociedade, não pode ter espaço para a arrogância e soberba, alerta Faria, ressaltando ainda que o conhecimento, civilidade e a sobriedade são o norte, saber lidar com as perguntas espinhosas e a maneira em que as conduz diz muito sobre o político e acaba refletindo em suas ideais.

Organizar de maneira clara e objetiva os assuntos que domina abre uma ótima oportunidade de mostrar para os eleitores como está preparado e que de fato entende do assunto. “Com a tranquilidade de saber um certo assunto, se prepara uma pergunta para outro candidato, para que na réplica, ele brilhe no tempo que tiver”, complementa.

QUESTÕES PESSOAIS

Para o estrategista, os participantes devem deixar de fora dos debates aquelas perguntas que vão diretamente em questões pessoais de outros candidatos, pois pode demonstrar despreparo e falta de conhecimento em demais assuntos.

Aqui se reflete diretamente na maneira comportamental do candidato, que soa como não estável. As pessoas têm interesse pelo debate, é a ocasião de mostrar propostas, planos de governo e credibilidade, ao sair destes pontos as pessoas acabam se distanciando e descredibilizando as próximas falas.

APÓS O DEBATE

Muitas vezes, por questão de tempo, os candidatos não conseguem transparecer tudo o que gostariam ou até mesmo responder certas perguntas que foram feitas, é neste ponto que as redes sociais ganham muito espaço, explica o estrategista.

É comum o debate continuar sendo assunto relevante dias após em várias redes sociais. Então se torna uma hora oportuna dos candidatos responderem ou se posicionarem de algo que não conseguiram expressa.

Segundo Faria, a estimulação e apoio da existência dos debates é indispensável para sociedade. A participação dos candidatos trazendo suas propostas e questionando seus adversários políticos aproxima a população deste processo eleitoral e fortalece a democracia, frisa.

* Sob a coordenação de Adriana De Cunto, chefe de Redação