Faltando pouco mais de um ano e meio para as eleições municipais de 2024, os bastidores políticos já começam a ficar agitados com a circulação de nomes cotados a disputar a Prefeitura de Londrina no pleito de outubro do próximo ano. A lista é longa: conta com mais de uma dezena de possíveis concorrentes, conforme a FOLHA apurou com atores ligados a diferentes núcleos de poder da cidade — entre eles, parlamentares, secretários locais, assessores e analistas políticos.

Só dentro do PSD, legenda do governador Ratinho Junior, quatro figuras são ventiladas no momento: os deputados estaduais Cloara Pinheiro, Tercilio Turini e Tiago Amaral, além do presidente da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Alex Canziani.

Procurados pela reportagem, os correligionários adotam uma postura cautelosa, mas não descartam a hipótese de ingressar na corrida pelo Executivo. “O transcorrer desse ano é um período que todo mundo vai colocar nome. Quando a questão acaba se afunilando, algumas acomodações ocorrem”, avalia Turini.

“Essa questão partidária vai ser definida ano que vem. Aí tem que avaliar quem tem melhores condições”, projeta Canziani. “A ideia é construir um grande nome para Londrina. A gente tem conversado com muitos partidos para poder fazer esse processo”, acrescenta Tiago Amaral, que concorreu em 2020.

Já Cloara Pinheiro, por meio de sua assessoria de imprensa, informa que está focada em concluir o mandato recém-iniciado, embora alegue que há eleitores que pedem pela sua candidatura.

CANDIDATO DE BELINATI

Pelos corredores da Prefeitura de Londrina, além de Canziani, outros titulares de órgãos municipais são comentados entre o primeiro escalão da gestão de Marcelo Belinati (PP). O prefeito, entretanto, segue sem “ungir” um nome para tentar sucedê-lo quando encerrar seus oito anos de mandato.

Ainda assim, as atuais apostas giram em torno dos titulares da Educação (Maria Tereza Paschoal), Planejamento (Marcelo Canhada), Saúde (Felippe Machado) e do presidente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), Marcelo Cortez.

PL assegura candidatura

Partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e dono da maior bancada da Câmara dos Deputados, o PL não crava um nome para pleitear a cadeira de Belinati, mas, segundo o deputado federal Filipe Barros, a sigla terá postulante próprio no embate do ano que vem

Perguntado se considera concorrer à prefeitura, Barros diz que “não descarta a possibilidade”, apesar, de acordo com ele, “não ser o foco no momento”.

Outro quadro em vista no PL é o vereador Jairo Tamura, que foi líder de Belinati na Câmara. “Acho que são conversas partidárias que nós temos que avançar, mas eu fiquei muito feliz com a votação na cidade de Londrina [em 2022, com a candidatura a deputado estadual]”, disse o parlamentar.

PT também garante candidato

O discurso de cravar candidatura própria também já é dito publicamente pelo maior antagonista do PL em nível nacional: o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Quanto ao nome, isso ainda está sendo avaliado”, declara a vereadora Lenir de Assis — internamente, ela desponta como uma das favoritas para a chapa majoritária que a legenda quer lançar.

Família Boca Aberta se articula

A família Boca Aberta também se articula. Conforme a vereadora Mara Boca Aberta (Pros), algum representante do clã político deve estar na corrida para o Executivo. Até o momento não é certo se será ela própria, o filho Boca Aberta Junior ou o marido Boca Aberta. Ainda na Câmara Municipal de Londrina (CML), o estreante Giovanni Mattos (PSC) cogita ser candidato.

PSDB e André Trindade buscam protagonismo

Além disso, o PSDB, antes protagonista em eleições municipais, tenta voltar a marcar presença entre o eleitorado de Londrina. “Por ora não temos um nome. A decisão será do grupo”, adianta Fernanda Viotto, candidata a deputada federal em 2022. A convenção partidária dos tucanos da cidade será no primeiro semestre.

“Sou pré-candidato”, crava o advogado André Trindade, que já concorreu à prefeitura em 2016 e é ligado a membros da equipe do ex-prefeito Alexandre Kireeff (2013-2016). Agora ele busca um partido para abrigá-lo — o Podemos desponta como o principal destino.

A empresária Alessandra Vieira, que se candidatou a deputada federal pelo Republicanos em 2022, também é outro nome que, por enquanto, tem circulado nos bastidores em uma eventual disputa para a Prefeitura de Londrina.

Cenário não tem favorito, comenta analista

“No momento, não temos nenhum nome em Londrina — ao contrário de outras eleições — que desponta como acima dos demais. O horizonte está totalmente aberto”, avalia o professor de ética e filosofia política Elve Cenci quanto ao atual cenário de movimentações para 2024.

De acordo com o acadêmico, há figuras políticas que usam o momento pré-eleitoral com diferentes finalidades, seja para um mero “balão de ensaio”, para tentar ficar em evidência nas urnas para um projeto futuro, ou para buscar compor alianças em um eventual segundo turno.

Além disso, para Cenci, a posição mantida até agora por Marcelo Belinati em não apontar publicamente um possível sucessor é estratégica, já que um eventual escolhido, tendo sucesso ou não na trajetória, pode prejudicar o futuro político de seu mentor.

A polarização ideológica nacional, segundo o analista, tende a impactar menos no pleito local, já que, conforme Cenci, “normalmente eleição municipal gravita em torno de temas locais.”

Embora esses sejam somente os primeiros capítulos do embate do ano que vem, Elve Cenci alerta que o cidadão já deve ficar de olho nesse tema para evitar definir o voto só na última hora. “A democracia é exigente. Ela demanda uma postura de busca de informações. Escolher em quem votar na próxima eleição é um trabalho de quatro anos”, avisa.

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