A campanha eleitoral no Brasil é considerada cara. De que forma é possível resolver isso?
PUBLICAÇÃO terça-feira, 12 de agosto de 2014
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| Foto: Gustavo Carneiro
Adilson Senador da Família (PRTB)Se resolve com uma reforma política e com a campanha sendo pública, tendo financiamento de campanha em pé de igualdade. Sou a favor do financiamento público, porque todas as pessoas que postulam um cargo teriam chance de se candidatar e a campanha não seria tão desleal a favor de quem tem patrocínio de grandes empresários. Além disso, diminuiria a questão da corrupção no Brasil.
| Foto: Ricardo Chicarelli
Luiz Barbara (PTC)Primeiramente, acredito que a campanha deveria ter a parte financeira gestionada pela própria Justiça Eleitoral. Uma vez que o governo não faz isso, a gente busca parceiros para que possamos viabilizar a campanha, seja ela para deputado, a governador e mesmo senador. Sou a favor do financiamento público, claro. Acredito que deixa todos em pé de igualdade. Por exemplo: eu venho de uma classe, represento um segmento que não tem muito recurso financeiro para fazer. Mas a gente busca conhecimento, temos contato com pessoas, empresas, e buscamos esse favorecimento para conseguir viabilizar a campanha de senador.
| Foto: Divulgação
Marcelo Almeida (PMDB)Eu, particularmente, acho que deveria ter uma reforma política em relação à campanha, tinha de adotar um modelo bem claro e lógico. Primeiro vamos comparar o Estado do Acre com São Paulo. É claro que não dá para gastar no Acre o que gasta em São Paulo por causa da densidade populacional. Acho que o jogo justo, para todos terem o mesmo instrumento para pedir o voto justo, era adotar um teto máximo. O grupo CR Almeida e uma banca que vende banana, uma lavanderia ou uma loja de DVDs poderiam doar, no máximo, R$ 7 mil. Então, tem de haver um número para a pessoa jurídica dar a um candidato. A pessoa física, a mesma coisa. É um meio de não ter grandes grupos empresariais, que são os empreiteiros e os banqueiros, por trás das eleições. Eu sou a favor do financiamento público. Acho que precisamos mudar o modelo. Pode ser que não seja o melhor, mas melhor do que está aí, é. Vai deixar a campanha mais barata. Pode haver uma dificuldade de falar para o povo que vai ser com dinheiro deles que vamos fazer a campanha mas é uma maneira de livrar, deixar todos iguais. Vamos ver quem tem ideologia, quem de fato estudou, é estadista.
| Foto: Divulgação
Alvaro Dias (PSDB)É cara para alguns e nem tanto para outros. Mas se nós tivermos partidos políticos verdadeiros - hoje não temos, temos siglas para registro de candidaturas -, quando construirmos partidos de verdade, nós poderemos ter o financiamento público de campanha. Hoje é inviável porque temos verdadeiras arapucas ao invés de partidos políticos. Eu sou favorável ao financiamento público. Fui relator no Senado, em 99, do projeto que instituía o financiamento público em campanha. No entanto, no quadro atual, eu não ousaria votar favoravelmente, porque há uma promiscuidade partidária que tem de ser superada com a reforma política. Portanto, financiamento público de campanha só é viável no contexto de uma reforma política ampla.
| Foto: Divulgação
Professor Piva (Psol)Só tem um caminho: numa reforma política radical, adotar o financiamento público de campanha. Neste modelo que aí está é um absurdo, é um chamariz para a corrupção. Na verdade, os financiamentos de campanha são verdadeiros investimentos. Então, temos de acabar com esse modelo que temos hoje no país. Sou a favor do financiamento público como único caminho para a gente debelar esse mal que é a corrupção, cuja raiz está nos financiamentos de campanhas políticas.
| Foto: Divulgação
Ricardo Gomyde (PCdoB)Se resolve com o financiamento público de campanha, com a proibição da contribuição privada e a punição rigorosa no caso de haver caixa dois. Sou 100% a favor do financiamento público, porque homogeniza as campanhas e impede o abuso de poder econômico e traz transparência para a questão do financiamento eleitoral.
| Foto: Divulgação
Castagna (PSTU)A gente acha que a campanha eleitoral precisa ter valor fixo para cada candidato e que dê condições para que todos possam produzir seus panfletos, seus materiais, e também possam, de fato, utilizar o tempo de tevê, os mesmos espaços, que os jornais falados e impressos deem o mesmo tempo, a mesma condição para apresentação dos programas. Um valor fixo e igual para todo mundo. A gente acha que o financiamento público de campanha é central. Não significa que o financiamento público vá acabar com a corrupção, que vá resolver os problemas centrais do sistema capitalista que consideramos emergenciais de serem resolvidos, mas o financiamento público vai criar condições para que as multinacionais, os bancos, as empreiteiras, os acionistas da dívida pública e o grande capital deixem de influenciar financeiramente no processo.
| Foto: Divulgação
Mauri Viana (PRP)Primeiro, acho que não tem espaço público, a não ser o horário eleitoral gratuito, para os candidatos fazerem campanha. O problema é que esse espaço público é dado para os partidos grandes e daí tem uma disparidade, sem tempo igual para todo mundo. Ou seja, há privilégios. Sobre a questão gráfica, tem que pagar, não tem como não ter gasto. Mas a campanha não é muito cara. Quem fala isso é porque tem aí os companheiros que acabam cobrando. Mas eu tenho apoios espontâneos (de lideranças políticas), que não custam nada. A campanha não é cara. Por exemplo: Eu tenho 47 segundos de televisão. Vou usar 30 segundos e os 17 segundos restantes vou remeter as pessoas para o Youtube, para aumentar o meu tempo. Então, tem que trabalhar com inteligência. Sou a favor do financiamento público, mas precisaria avançar muito para isso ainda. Precisaria tirar a judicialização das campanhas eleitorais. A Justiça se intromete demais, fazendo resoluções demais. Enfim, se houvesse a campanha com financiamento público, porém, da maneira como está, vai ter problema. Vai ter malandro que vai ser candidato só para pegar o dinheiro e não vai dar resposta. O Brasil é composto de gente com mentalidade muito fértil. Enquanto não chegamos a esse amadurecimento... temos de caminhar para isso, mas com amadurecimento.