Em lágrimas, a população de Cambé se despediu na terça-feira (6) do seu grande líder, José do Carmo Garcia, o Zé do Carmo, que havia falecido em decorrência de complicações no pulmão em um hospital de Londrina. Centenas de pessoas enlutadas não conseguiam esconder a forte emoção durante o velório no Ginásio de Esportes João de Deus Almeida.

Dezenas de coroas de flores adornavam as laterais da quadra de esporte. Cambé e Londrina decretaram estado de luto em memória do ex-prefeito de Cambé por quatro mandatos (1988, 1996, 2000 e 2016) e líder municipalista que presidiu a Amepar - Associação dos Municípios do Médio Paranapanema - por três vezes (1989, e 2000 a 2003), a AMP – Associação dos Municípios do Paraná – por outros três mandatos (1989/1991, 1991/1993 e 1997/1999) e também presidiu a ABM – Associação Brasileira de Municípios (de 2005 a 2008).

Não por acaso, o falecimento de Zé do Carmo teve grande repercussão no Paraná e também em Brasília. Conheci Zé do Carmo no início dos anos 80. Eu era um iniciante repórter regional da Folha de Londrina, e ele já destacado e dedicado secretário na chefia do gabinete do então prefeito Luiz Carlos Hauly. Sua eleição a prefeito em 1989 se confirmou como uma trajetória natural dada a sua notada liderança.

O seu dinamismo, o poder de articulação e o diálogo permanente com a comunidade revolucionou a administração de Cambé. As realizações dos seus quatro mandatos estão espalhadas por todas as ruas, por todos os bairros, por todas as regiões de Cambé. São conquistas históricas na saúde, educação, pavimentação, planejamento, lazer, cultura, esporte e nas demais áreas. Destaque especial na industrialização. Ele soube potencializar a vocação do município e Cambé virou referência na geração de emprego e renda, atraindo inclusive empresas multinacionais.

O trabalho na prefeitura impulsionou Zé do Carmo para outras conquistas. Começou como presidente da Amepar onde priorizava, a cada reunião, a discussão profunda e a busca de soluções para os problemas dos municípios da região. A cada encontro, ele sempre trazia um secretário de Estado para ouvir as demandas dos prefeitos.

O passo seguinte, quase que naturalmente, foi a presidência da Associação dos Municípios do Paraná onde permaneceu por quase 10 anos. Recordo que numa reunião nacional dos municípios em Cuiabá, a pauta da AMP foi tão bem elaborada que passou a ser o roteiro oficial daquele encontro. Não por acaso ele assumiu em meados de 2005 à presidência da Associação Brasileira dos Municípios, promovendo inclusive eventos internacionais como o que discutiu “Federalismo e Desenvolvimento” cujo objetivo era o de comparar a organização dos municípios em diferentes países.

Nos últimos meses, a convite do Zé do Carmo, tivemos alguns encontros. O objetivo dele era reunir todas as suas realizações, no município e no municipalismo, em livros, redes sociais e outros meios para que toda sua trajetória na vida pública permanecesse viva.

Nesse resgate, ele dizia que não poderia faltar detalhes da amizade com o seu mentor político e incentivador desde a sua juventude, o ex-prefeito de Cambé, Roberto Conceição, que faleceu em março de 1979 em pleno exercício do mandato em decorrência de um infarto fulminante, quando estava de viagem a Curitiba, acontecimento que causou grande comoção na cidade.

De hábitos simples, muito religioso, Zé do Carmo era homem de família, devotado à esposa Lourdes e ao seu amado filho André.

Centenas de homenagens foram publicadas em homenagem à memória de Zé do Carmo. O Prefeito de Cambé, Conrado Scheller escreveu: “Hoje a cidade sofreu a perda de seu maior líder político. Não perdi apenas um amigo, mas um professor”, lamentou. O governador Ratinho Júnior testemunhou: “Zé do Carmo era uma pessoa de bem, de reputação ilibada, uma grande liderança que transformou a história de Cambé”.

Amigo e companheiro de caminhada há mais de 46 anos, o ex-deputado Luiz Carlos Hauly escreveu: “Estou muito triste. Zé do Carmo, sem o seu carisma, a sua fraternidade, o seu amor e dedicação pela nossa gente, Cambé nunca mais será a mesma meu caríssimo amigo, mas seu exemplo certamente permanecerá no coração de todos”.

Edinelson Alves, jornalista

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