Cada vez mais em desuso nos dias atuais, os velhos ditados ou provérbios estão se ausentando da fala coloquial. Muitas vezes nos faltam palavras e frases adequadas no rápido momento da verbalização e, então, nos ocorrem frases corriqueiras, incorporadas à linguagem pelo uso frequente.

Como último recurso, por falta de tempo, ou talvez por preguiça em articular algo mais bem pensado, vêm-nos à fala palavras até inoportunas. É o caso da banal expressão “você não morre mais!”

Na surpresa do encontro com a pessoa há muito não vista e na alegria do momento inesperado, soltamos essa exclamação sem pensar na apropriação. Justificável o uso, não fosse o mau gosto da frase. O que queremos dizer afinal ? Que ainda ontem, talvez, pensamos na pessoa em foco? Que imaginávamos a pessoa já morta, ou isso é apenas uma expressão pelo encontro inusitado? Por que não dizer o indefectível “Nossa, há quanto tempo!” ou, para os que já andam com a memória fraca para nomes, dizer tão somente, “Oh, minha querida, meu querido...”

“Você não morre mais” desarma impiedosamente o interlocutor. Pois o que responder? A reticente saída “É, pois é..”, ou a otimista “É , precisamos nos ver, cara!”...? Há sempre os sinceros que no ato retrucam com um “Pois é, bati na trave, mas estou aqui firme! Quase morri, mesmo!”, e aí segue-se uma longa saga de sofrimento...

Outro ponto debatível é: quem não morre? Quem é eterno para não morrer mais ? E aí pisamos na seara das dúvidas e crenças. Além do mais, quem nos investe de poderes para profetizar vida eterna a quem quer que seja? É, no mínimo, complicado.

Portanto, ao se deparar inesperadamente com um de seus amigos ou conhecidos, não desvie o olhar ou, tampouco, baixe a cabeça. Afinal, nas boas surpresas podemos encontrar bons momentos. Mas não diga “Você não morre mais!” Por favor, um abraço está de bom tamanho.

Orides Navarro Gordan é formada em Letras pela UFPR com especialidade em Literatura pela UEL

O outro caso das `joias´

Toda a mídia está muito ansiosa para noticiar o assunto que foi "desenterrado" pelos atuais ocupantes de postos de governo deste país, que envolve algumas joias que foram recebidas pela Presidência da República, como um presente de um país estrangeiro, se não me engano em 2022. Talvez as pessoas não se lembrem ou talvez nem saibam que este é um costume corriqueiro que acontece quando dignatários de um governo visitam outros países. A troca de presentes é um ato diplomático e educado. E o que é recebido passa a fazer parte do acervo da presidência, podendo ou não ser usado por aqueles que estiverem ocupando a cadeira presidencial, mas, nunca podendo ser considerado como pertencente a esta mesma pessoa. Portanto, não podendo ser retirado do acervo. Embora isto já tenha acontecido há alguns anos. Isto também ocorre nos governos estaduais e municipais. No saguão da prefeitura de Londrina existe, inclusive uma exposição das peças do acervo municipal. Abordo este assunto na intenção de perguntar se a mídia e os atuais governantes também irão pedir novas investigações sobre as malas que foram deixadas no Aeroporto de Viracopos, em setembro de 2018, pelo filho do governante ditatorial da Guiné Equatorial, que chegou em seu jato particular e que, ao entender que teria que declarar o conteúdo das malas, voltou para seu avião e retornou a seu país deixando aqui as malas. As citadas malas continham 1,4 milhão de dólares em dinheiro vivo e 20 relógios de luxo, cravejados de diamantes, no valor de 15 milhões de dólares. Até hoje este acontecimento não teve uma explicação convincente. Creio que seja uma boa hora para se questionar: que fim levaram aquelas malas? A história das malas não é fake. Esteve em todas as mídias à época, mas de repente, quando começou a ser investigada, sumiu!

Nina Cardoso, psicóloga, Londrina

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