A violência no Rio de Janeiro produziu mais um cenário de guerra civil em uma comunidade da Cidade Maravilhosa. Em Jacarezinho, na região norte da metrópole, a Polícia Civil carioca realizou a ação mais letal de sua história, que deixou até o fechamento desta edição 25 mortos.

De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Universidade Federal Fluminense), que possui uma base de dados iniciada em 1989, nunca houve uma ação única com essa quantidade de óbitos. O maior total recente ocorreu no Complexo do Alemão em 2007, com 19 vítimas. Esse número de mortes só se compara às chacinas de Vigário Geral [21 mortos, em 1993] e da Baixada [Fluminense em 2005, com 29 mortos], mas provocadas em operações ilegais (grupos de extermínio).

Moradores da comunidade relataram intensos tiroteios, veículos blindados e helicópteros da corporação transitando pela favela e que haviam corpos baleados nas vielas da favela, tida pela polícia como um dos principais locais de atuação da facção criminosa Comando Vermelho.

Segundo os moradores, uma parte das vítimas foi morta dentro de casa. Um dos 25 mortos foi o policial civil André Frias, 45, que trabalhava na Delegacia de Combate às Drogas.

A violência, logo no início da manhã, atingiu também quem estava a caminho do trabalho. Dois homens feridos estavam dentro de um vagão do metrô que passava pela altura de uma estação localizada próxima ao Jacarezinho.

Segundo a Polícia Civil, os agentes realizavam a Operação Exceptis, contra traficantes que vinham aliciando crianças e adolescentes para integrar o Comando Vermelho.

As facções criminosas estão bastante presentes nos grandes e médios centros urbanos e o Rio de Janeiro é uma das cidades brasileiras que mais sofrem com a ação desses grupos, que representam não apenas um problema de segurança, mas também social e político. Por isso é algo tão complexo.

À tarde, a operação no Jacarezinho repercutiu em Brasília, mais especificamente no STF (Supremo Tribunal Federal) e fez o ministro Edson Fachin pautar para o próximo dia 21 o julgamento de recurso do PSB para que o governo do Rio elabore um plano de redução da letalidade policial, que preocupa tanto quanto a atuação das facções criminosas não só na capital fluminense, mas em todo o país.

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