A pouco mais de dois meses da edição de 2023 do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os candidatos a uma vaga no ensino superior costumam fuçar nos jornais, redes sociais e nos sites em busca de informações sobre um possível tema para a redação. A verdade é que a temática de cada edição da prova é guardada a ‘sete chaves’ e, por conta disso, a única coisa que o estudante pode fazer é: se preparar!

A professora de redação do Colégio Marista, Laís Souza Sorace, explica que a orientação que ela sempre passa para os alunos é que eles devem estar sempre preparados para qualquer tema que apareça na temida folha de redação. Segundo ela, o fator surpresa também faz parte do processo avaliativo do candidato, já que o Enem leva em conta a capacidade de o aluno articular um tema que ele pode não ter domínio.

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Para estar preparado, a professora garante que não tem segredo: é produzir. Ela ressalta que os alunos podem fazer uma texto por semana, variando as temáticas, já que isso pode aumentar a possibilidade de ele já ter tido contato com o possível tema da redação durante a preparação.

Para este ano, a professora aposta que a redação tenha como eixo temático as minorias. Sorace explica que o slogan do atual governo fala em “União e Reconstrução” e, por isso, a temática pode girar em torno das minorias, como uma forma de unir as pessoas e reconstruir o país. Ela detalha que o tema não deve focar em minorias específicas, como mulheres ou a população negra, assim como indígenas e demais povos tradicionais, já que o assunto foi abordado na edição do ano passado. A professora acredita que o aluno vai precisar discutir de forma geral a questão das minorias durante a redação.

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Como texto de apoio ou contextualizado em alguma questão de língua portuguesa, sociologia ou filosofia, Sorace pontua que o trabalho e vida da ativista e vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, pode aparecer na prova. Completando cinco anos em 2023, as motivações, assim como os mandantes do crime ainda não foram solucionadas.

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Além disso, a professora explica que os candidatos precisam ficar atentos ao que vem sendo abordado nas discussões políticas, como projetos de lei que estão sendo aprovados e em medidas que vêm sendo tomadas. “É essencial ficar atento ao que acontece no eixo federal, porque é uma prova do governo que é aplicada a nível nacional”, ressalta. A dica é ficar antenado ao que vem sendo alvo de propagandas e de notoriedade pela atual gestão, mas a professora alerta: “não é uma garantia, mas um caminho”.

Pouco provável

Assim como sempre existem as apostas sobre um possível tema da redação, também tem aqueles assuntos que, mesmo ainda sendo atuais, não devem aparecer na prova. Laís Souza Sorace destaca que o primeiro deles é a democracia, principalmente por conta dos atos antidemocráticos vistos no dia 08 de janeiro deste ano. Trabalhar com esse tema, segundo a professora, vai contra a ideia da união e reconstrução. “A pandemia já é um assunto batido e não deve aparecer [na prova]”, opina. Outro tema que ela destaca como pouco provável de ser cobrado é sobre a violência nas escolas, já que a prova tem como público alvo candidatos que ainda frequentam as aulas e isso poderia trazer mais pânico e medo.

Fazer redações em casa

Mais do que saber o tema, o aluno precisa saber estruturar um bom texto, que passa pelo exercício de fazer redações em casa - no modelo dissertativo-argumentativo - e trabalhar em cima dos erros, principalmente na tese, que a professora considera como a “bússola” do texto argumentativo. “Se você não tiver uma boa tese e um bom parágrafo de introdução, que deixe claro para o corretor qual é a tua linha de raciocínio, todo o resto vai ficar comprometido. Como é que você vai resolver um problema na conclusão se você não criou esse problema na tese?”, questiona. Segundo ela, o segredo é aprimorar a construção do texto por meio da “mão na massa”, que é a produção de redações, e trabalhar em cima dos erros.

Conectivos

Um dos requisitos cobrados pelo Enem é a utilização de conectivos, ou seja, aquelas palavras que ligam as sentenças e ideias dentro de um texto. Sorace explica que a prova exige, obrigatoriamente, dos candidatos, o uso dos conectivos no início dos parágrafos de desenvolvimento e de conclusão.

Entretanto, não é só jogar uma palavra qualquer, já que o termo precisa fazer sentido dentro do texto, assim como a dica da professora é fugir dos mais comuns, como além disso, primeiramente e portanto e apostar em outros menos utilizados, como: ademais, sob esse viés, sendo assim, logo, em vista disso ou em suma. A professora garante que é bom que o candidato tire um tempo para estudar os conectivos e aprenda a usar de forma coerente.