A Secretaria Municipal de Saúde de Londrina começou, neste sábado (23), a aplicar a primeira dose do imunizante Coronavac em crianças de 3 e 4 anos. Ao todo, foram abertas 500 vagas para a vacinação contra a Covid-19 para o público desta faixa etária, mas o número de cadastros não passou da metade.

O secretário da pasta, Felippe Machado, reconhece a baixa procura, menor até mesmo que as expectativas. Ele atribui os números à resistência que se criou em relação à imunização de crianças. Machado também citou a circulação de notícias falsas como um desafio para elevar a taxa de cobertura infantil.

Autoridades em saúde garantem a segurança da fórmula entre as crianças. Em entrevista à FOLHA, o infectologista pediátrico, Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), ressaltou que o ponto fundamental na questão da vacinação em crianças de 3 e 4 anos é compreender “o quanto importante é a infecção por coronavírus na população pediátrica. Apesar de ser muito mais tranquila em relação aos idosos, por exemplo, ainda assim o coronavírus provoca muitos óbitos e quadros graves na criança. Basta dizer que tivemos muito mais crianças morrendo por essa doença do que por meningite nesses últimos dois anos”, diz.

Se voltarmos a 17 de janeiro de 2021, quando a enfermeira paulistana Mônica Calazans se tornava a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil, o grau de desconfiança em relação aos imunizantes ainda era alto no país, que sufocava imerso em um tsunami de receitas de curandeirismo sem eficácia. Aos poucos, as vacinas foram se mostrando eficazes e foram ganhando terreno.

Mas o que os dados mostram é que, infelizmente, a procura pelos imunizantes é alimentada pelo sentimento de emergência. Quando as taxas de mortes atingiam níveis críticos, a corrida aos postos se intensificava. Já nos períodos mais calmos, as doses de reforços sobram nos estoques. O fato ignorado é que a imunização precisa ser completa para que a situação permaneça sob controle.

Os especialistas frisam que o Brasil sempre teve o maior e melhor programa de imunização do mundo, então a partir da autorização da Anvisa não há mais o que discutir em relação à eficiência e segurança dos imunizantes porque todas essas questões já foram superadas pelas autoridades sanitárias competentes.

Obrigado por ler a FOLHA!