Ainda que não seja, conforme várias pesquisas de opinião já divulgadas nos últimos anos, o time preferido dos próprios londrinenses, é inegável que o Londrina Esporte Clube pertence à lista de patrimônios culturais e imateriais da cidade. Uma condição inclusive defendida em decisão histórica da Justiça do Trabalho em 2009, quando, ao dissolver toda a diretoria executiva do clube, deu início ao processo que no ano seguinte culminou na terceirização do departamento de futebol do Tubarão. Dali viria o casamento cheio de altos e baixos com a SM Sports.

Uma relação marcada pelo renascimento do time após anos no ostracismo do futebol nacional, com o retorno fulminante à Série B e a conquista de mais dois títulos paranaenses (2014 e 2021), mas também por alguns vários dissabores para a torcida, como o segundo rebaixamento à Série C e uma filosofia de trabalho que indiscutivelmente afastou o clube da própria cidade.

De modo que a iminente transformação do nosso LEC em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) já com a definição da aquisição de 90% da futura organização por um grupo investidor, no caso a Squadra Sports, vem como um presente de Natal para toda a cidade. Afinal, o modelo que se propõe é o que vem sendo adotado por clubes de grande e médio portes do País, numa tentativa de se manterem financeiramente viáveis num mercado altamente capitalista como o futebol.

A promessa do grupo liderado pelo ex-presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, é de um investimento de cerca de R$ 100 milhões nos próximos seis anos, incluindo aí o custo para uma necessária revitalização do estádio Vitorino Gonçalves Dias (VGD), onde o Tubarão também foi feliz nos seus primórdios.

É claro que a transformação do clube em uma SAF por si só não significa a solução de problemas nem uma projeção imediata do Londrina no cenário nacional. Estão aí exemplos de grandes clubes que, mesmo já sob gestão de sociedades anônimas, ainda não colheram os frutos desejados. O Coritiba, por exemplo, foi novamente rebaixado à Série B.

O que se espera com o novo modelo de gestão é um equilíbrio financeiro capaz de montar equipes decentes e competitivas dentro de campo, sem percalços tributários e trabalhistas fora dele, e que estejam inteiramente conectados com a própria cidade. Londrina mostrou em outras oportunidades em que o Tubarão foi gigante que sabe acolher o seu time. Esse patrimônio cultural de 67 anos de tanta história merece um futuro cada vez mais promissor.

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