Dezessete dias após a morte do papa Francisco, a Igreja Católica já tem um novo líder. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi escolhido pelo conclave e é o novo pontífice. O nome escolhido por ele é Leão XIV.

Depois de ver a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina, a multidão que lotou a praça São Pedro foi ao delírio ao ouvir o esperado anúncio do "Habemus Papam". Prevost é o 267º chefe da Igreja Católica da história.

Em seu discurso na sacada da basílica, o novo pontífice agradeceu ao antecessor, o papa Francisco, e abordou a necessidade de uma Igreja sinodal. "O mal não vai prevalecer, estamos todos nas mãos de Deus", disse Prevost.

Chamou a atenção que parte da fala do religioso foi feita em espanhol, idioma no qual ele é fluente por causa de sua experiência missionária no Peru, onde ele se tornou cidadão naturalizado.

Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Prevost ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho em 1977 e fez os votos perpétuos em 1981. Formado em matemática pela Universidade Villanova, tem mestrado em Teologia pelo Catholic Theological Union, em Chicago, e doutorado em Direito Canônico pelo Colégio Pontifício de Santo Tomás de Aquino, em Roma. Foi ordenado padre em 1982 e, dois anos depois, iniciou sua atuação missionária no Peru.

Em 1998, retornou aos EUA para chefiar a ordem agostiniana na sua cidade natal. Voltou ao Peru em 2014, quando foi nomeado pelo papa Francisco para a diocese de Chiclayo, no Norte do país. Ele se tornou bispo de Chiclayo no ano seguinte e atuou como vice-presidente e membro do conselho permanente da Conferência Episcopal Peruana de 2018 a 2023.

A ascensão de Leão XIV desfaz a expectativa de que o Vaticano voltasse ao comando de um europeu, após Francisco se tornar o primeiro pontífice latino-americano. Mais especificamente, esperava-se o retorno de um italiano ao poder: o cardeal Pietro Parolin, influente número 2 da Santa Sé, era o favorito.

Como bispo de Chiclayo, o novo papa já se opôs à inclusão de conteúdo sobre gênero nas escolas, afirmando que a chamada "ideologia de gênero" era confusa e criava "gêneros que não existem".

Durante o Sínodo, em outubro de 2023, declarou que "clericalizar as mulheres", ou seja, ordená-las para cargos de diaconisas e semelhantes, não resolveria os problemas da Igreja e poderia até criar outros.

O novo pontífice nunca demonstrou um posicionamento claro quanto ao documento Fiducia Supplicans, que esclarece que as bênçãos a casais homossexuais não são uma aprovação do casamento, mas uma expressão de acolhimento e apoio espiritual.

Como seu discurso mostrou, Leão XIV defende a sinodalidade, fortalecida por Francisco, que visa tornar as estruturas da Igreja mais inclusivas e participativas. Quanto à emergência climática, Prevost também esteve bastante alinhado a Francisco.

Como cardeal, enfatizou ainda que o catolicismo deve passar "das palavras à ação", uma vez que, segundo ele, é preciso estar alerta contra as consequências prejudiciais do desenvolvimento tecnológico descontrolado e defender uma troca recíproca com o meio ambiente.

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