Imagine dois alunos: Maria, apaixonada por astronomia, sonha em entender os mistérios do universo. Já João adora esportes e sempre se interessou pela ciência por trás do desempenho atlético. No modelo tradicional de ensino, ambos seriam tratados da mesma maneira, com pouco espaço para explorar seus interesses particulares. A hiperpersonalização, no entanto, permite que Maria aprenda física por meio de problemas relacionados à formação das estrelas, enquanto João pode aprender a mesma disciplina estudando a biomecânica do movimento humano. Esta é a revolução que a hiperpersonalização traz para o ensino.

A Google For Education, em um de seus relatórios recentes, destacou a personalização do aprendizado como um dos três principais caminhos para o futuro da educação. E o que é a hiperpersonalização? Trata-se da adaptação das experiências educacionais às necessidades, preferências e habilidades individuais de cada aluno. A implementação desta abordagem tem o potencial de alterar radicalmente as rotinas de professores e estudantes.

Com a hiperpersonalização, instituições de ensino reconhecem e valorizam as diferenças individuais dos alunos. Incorporando tecnologias adaptativas, análise de dados e inteligência artificial, é possível proporcionar experiências de aprendizado únicas. Por exemplo, um sistema de aprendizado adaptativo pode identificar que um aluno está lutando com um conceito específico em matemática e fornecer recursos adicionais ou exercícios práticos para ajudar a superar essa dificuldade.

Adotar a hiperpersonalização não significa apenas aprimorar a compreensão dos assuntos, mas também incentiva os alunos a assumirem a responsabilidade por seu próprio aprendizado. Desafios ajustados aos interesses dos estudantes os motivam a analisar as informações com mais atenção e a desenvolver soluções criativas.

Além disso, essa estratégia ajuda a cultivar habilidades essenciais para o século 21, como adaptabilidade, flexibilidade e uma mentalidade de inovação e colaboração. Outros setores, como o varejo, estão incorporando a hiperpersonalização. De acordo com o estudo "Win the Town to Win the Future of Retail", do Boston Consulting Group, o setor está cada vez mais focado em entender plenamente seus consumidores para construir uma jornada personalizada.

No entanto, a implementação da hiperpersonalização não está isenta de desafios. Há questões práticas, como a necessidade de tecnologia adequada e a formação de professores para lidar com essas novas ferramentas. Mas, enfrentar esses desafios vale a pena, pois a hiperpersonalização tem o potencial de transformar a educação.

Portanto, ao abraçar as diferenças individuais e incorporar a tecnologia em nosso processo de ensino, podemos melhorar os resultados educacionais e promover uma mentalidade de lifelong learning. O caminho para uma educação transformadora passa pela hiperpersonalização. Vamos abraçar essa jornada?

* Samir Iásbeck, CEO e Fundador do Qranio, plataforma de aprendizagem que utiliza ludificação, também é sócio-fundador da eMiolo.com, software house inovadora com vasta experiência em soluções personalizadas para médias e grandes empresas