A pequena cidade de Saudades, no interior de Santa Catarina, de apenas 9.800 moradores, viveu uma tragédia na manhã desta terça-feira (4), quando um jovem de 18 anos invadiu uma escola de educação infantil e matou pelo menos cinco pessoas.

Duas professoras e três crianças estão entre as vítimas fatais. Uma criança estava internada (até o fechamento desta edição) com lesões graves.

O suspeito seria de uma família conhecida da cidade, segundo informou em entrevista a uma rádio da região, João Rodrigues, prefeito de Chapecó, município localizado a 67 quilômetros de Saudades.

Segundo informações preliminares da Polícia Militar, que ouviu testemunhas, o jovem teria entrado armado com um facão na escola, invadido uma classe e golpeado professores e alunos. Em seguida, de acordo com os relatos, ele cortou o próprio pescoço e se feriu no abdômen e no tórax. Populares, porém, detiveram o suspeito, que foi levado em estado grave para o hospital. O jovem não tinha antecedentes criminais e teria dito à Polícia Militar que sofria bullying.

Ataques como esse são menos frequentes no Brasil do que nos Estados Unidos, por exemplo, mas o nosso país já tem um histórico triste de tragédias semelhantes. Ainda está muito presente na memória do brasileiro o massacre em uma escola estadual de Suzano, na Grande São Paulo, em março de 2019, quando um ex-aluno de 19 anos e um adulto de 25 anos invadiram o estabelecimento armados com um revólver, uma machadinha e outras armas caseiras e atacaram alunos e funcionários. Dez pessoas morreram e há indícios de que o idealizador do ataque, o mais jovem da dupla, tentou imitar o massacre na escola de Columbine, nos Estados Unidos, em 1999, quando dois alunos assassinaram 13 pessoas e feriram 24.

Em Goiânia, em 2017, um aluno de 14 anos atirou contra colegas dentro de uma sala de uma escola particular, matando dois meninos de 12 e 13 anos e ferindo outros quatro, antes de ser impedido por alunos e professores quando tentava recarregar a arma.

No ano de 2011, outro massacre. Um rapaz de 25 anos abriu fogo contra alunos em salas de aula lotadas em uma escola do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro. Doze estudantes morreram e 13 ficaram feridos, todos com idades entre 12 e 14 anos. O autor do ataque foi atingido por um policial e cometeu suicídio.

Depois de fatos como esse, uma série de debates acontece sobre os motivos que levaram os assassinos a atacar com crueldade pessoas inocentes e seguem discursos defendendo restrição ao acesso às armas ou o contrário, pregando armas nas escolas.

Um ponto de partida para melhorar a segurança - e que não depende de ações governamentais - está no preparo dos alunos e professores para reconhecerem antecipadamente possíveis ameaças, como situações de bullying e identificar aqueles alunos que têm obsessão por armas. E, claro, a prevenção também passa pela atenção que os pais e familiares dão aos seus jovens.

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