Tempo de falar - Emilia Belinati
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 20 de abril de 2000
Tempo de falar
Emilia Belinati
Rompo o silêncio a que me impus durante mais de um ano para me dirigir diretamente ao povo do Paraná. É tempo de falar. Quero falar da minha indignação e da minha tristeza ao viver num período de trevas que se abateu sobre minha cidade, Londrina, e que ameaça se espalhar pelo Estado inteiro. Aqui, mentiras e calúnias são jogadas ao vento, sem qualquer critério e respeito pela honra e pela dignidade das pessoas.
Fui eleita deputada estadual em 1990, a única mulher naquele período entre 54 parlamentares. Procurei, durante todo o meu mandato, realizar um trabalho voltado para os paranaenses que, num momento qualquer de suas jornadas, ficaram à margem das condições mínimas de sobrevivência. Levei para a vice-governadoria esses mesmos princípios, fundamentados na educação que recebi de meus pais, pequenos agricultores que criaram oito filhos, aqui mesmo, na região de Londrina, com o trabalho duro na roça.
Já assumi o governo do Paraná 35 vezes e tive a honra de ser a primeira paranaense a ocupar esse cargo. Nunca busquei unanimidade ela não existe. Porém, sempre, em todos esses anos de vida pública, como resultado do meu trabalho, tive o reconhecimento e o respeito da nossa gente. Fato demonstrado nas palavras de carinho e na alegria com que me recebem em qualquer canto desse Estado privilegiado.
Agora, no entanto, pessoas inescrupulosas, levadas pelos mais inconfessáveis interesses ou movidas por vingança, tentam manchar a história de uma vida inteira. Abro meu coração com tristeza a todos os paranaenses. Vivo, hoje, numa cidade onde muitos já não conseguem discernir o fato comprovado da mentira deslavada. A prova incontestável, do falso testemunho. Não é por mera coincidência que estamos vivendo justamente o período pré-eleitoral. Londrina e o Paraná vão carregar marcas profundas desses tempos de ódio e perjuros.
Choro pelos meus, pela minha família. Sou mãe. Choro por Londrina e pelo Paraná. Sou vice-governadora. Choro por não acreditar que a Justiça seja feita com prejulgamentos, agressões e sem espaço para uma defesa racional. Mas, nesses dias escuros, encontro forças para acreditar que a verdade, complemento vital da justiça, será sempre a última a prevalecer.
Encontro forças na solidariedade de milhares de paranaenses de boa fé que se manifestam todos os dias nas palavras amigas, num aperto de mão, num olhar de carinho, num gesto de apoio, numa oração. Sou uma mulher de fé em Deus e nos homens de boa vontade.
- EMILIA BELINATI é vice-governadora do Paraná