Depois de muitas polêmicas, o Instituto Butantan divulgou na terça-feira (12) o resultado geral de eficácia da vacina CoronaVac: 50,38%, o que corresponde aos padrões universais dos imunizantes.

Quando um dos cientistas afirmou “temos vacina”, os internautas que acompanhavam a live, transmitida pelas redes sociais, enviaram muitas mensagens de congratulações e esperança em meio, claro, a algumas críticas que fazem parte da polarização política que, infelizmente, tem dado mais resultados negativos que positivos à nação. O que está em jogo são vidas e toda vacina comprovadamente eficaz, dentro dos padrões científicos, é bem-vinda.

Da mesma forma que o Instituto Butantan precisou complementar dados solicitados pela Anvisa para a liberação da CoronaVac para uso emergencial, a Fiocruz também trabalha para complementar informações para aprovação da vacina Oxford/ AstraZeneca.

Muito se discute sobre a eficácia das vacinas, mas os cientistas não se cansam de enfatizar que todo imunizante que atinge mais de 50% de eficácia geral é considerado apropriado para uso. Um dos pesquisadores do Instituto Butantan usou como exemplo as vacinas contra o rotavírus e a coqueluche, que apresentam cerca de 50% de eficácia e são usadas para imunização em larga escala.

É claro que a ciência não para e pesquisas inovadoras já apontam para vacinas que utilizam o chamado mensageiro RNA com um grau de eficácia muito maior: a Pfizer e a Moderna apresentam eficácia de 95% e 94,5%, respectivamente. Mas nem sempre só o índice alto de eficiência é suficiente para que determinada vacina seja considerada ideal para as condições gerais de um país. O que o Brasil precisa, urgentemente, é acompanhar outros países que já iniciaram suas campanhas de imunização.

Levando-se em conta que a CoronaVac pode ser conservada na temperatura de uma geladeira normal - entre 2 e 8 graus Celsius – permanecendo estável até 3 anos; enquanto a Pfizer, após a fabricação, pode ser guardada em geladeira apenas por cinco dias – exigindo depois um armazenamento em temperatura de – 70 graus, fica evidente que a CoronaVac adapta-se melhor às condições brasileiras se levarmos em conta a logística de um país tropical, onde sequer há câmaras frias em número suficiente para a conservação de vacinas a baixíssimas temperaturas.

Da mesma forma, a vacina Moderna, de fabricação americana como a Pfizer, mantém-se estável até 30 dias, necessitando depois de armazenamento de -20 graus Celsius, o que requer uma logística também mais complicada.

Passou da hora dos governos pararem de politizar o uso das vacinas e olhar para as possibilidades reais e mais próximas para estancar a epidemia que continua ceifando vidas. Neste sentido, tanto o Instituto Butantan quanto a Fiocruz têm trabalhado para oferecer o melhor para que o Brasil supere a fatalidade. No país tropical de grandes extensões - onde até câmaras frias que já serviram à conservação de peixes no Acre estão sendo adaptadas para armazenar vacinas - chegou o momento das autoridades traçarem uma logística de transporte e armazenamento para começar a imunização em massa. O mais importante é ecoar e colocar na prática a afirmação do pesquisador do Butantan que declarou com alegria: “Temos vacina!” - isso é o que realmente importa.

A FOLHA deseja muita saúde aos seus leitores!