Março de 2022 – Passados dois anos da pandemia do coronavírus, estamos novamente discutindo uma crise que, mais uma vez, pode trazer consequências globais. A guerra que está se desdobrando na Ucrânia neste momento como consequência da invasão russa trará não só desastres humanitários e econômicos, como também já está gerando impacto no mundo corporativo e empresarial.

Diante deste cenário, listei alguns questionamentos trazidos por executivos neste momento para as empresas estarem atentas.

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1. Sua organização tem sistemas e dados hospedados no EUA? Se for alvo de cibercriminosos, afinal, a guerra também tem a frente cibernética, há um plano de reação? E se for o caso dos seus clientes ou fornecedores chaves serem atingidos?

2. Quais os eventuais impactos de sanções que serão aplicadas pelos países do ocidente para a Rússia, inclusive no aspecto de compliance?

Imagem ilustrativa da imagem Sua empresa está preparada para fazer uma gestão de crise?
| Foto: Fadel Senna/AFP

3. Sua organização, seus principais fornecedores ou clientes têm dependência do mercado russo ou ucraniano? Tem projetos financiados direta ou indiretamente por esses países?

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4. Commodities como petróleo, gás, trigo e milho estão em alta no mercado internacional. Seu negócio depende destes insumos? Se sim, é importante se preparar para mais inflação.

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Os exemplos acima talvez já estejam presentes na matriz de riscos corporativos de algumas empresas. Sabe-se que cada uma possui seu próprio nível de tolerância a riscos, de acordo com a sua cultura e seu modelo de negócio. Mas a capacidade e a agilidade para responder a situações de crise depende também da condição de seus parceiros e fornecedores para reagirem tão rapidamente quanto à urgência esperada pela empresa.

Com a pandemia, muitas empresas tiveram que aprender “na marra” sobre planos de contingência e comitês de crise. Aquelas que entenderam que situações de crise podem ocorrer a qualquer momento e por motivos diversos - desastres naturais, terrorismo, ataque hackers – certamente usaram esses dois últimos anos para mapear seus riscos e desenvolver seus planos de continuidade de negócios.

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De acordo com as notícias divulgadas sobre a cobertura da guerra, muitas empresas ucranianas já estariam executando os planos de contingência que haviam criado para manter os negócios funcionando.

Isso reforça que as empresas não devem esperar serem surpreendidas pelas crises para se prepararem. É claro que a pandemia do coronavírus ultrapassou qualquer situação imaginável até então. Mas, vale lembrar que não somente os grandes eventos globais merecem atenção. Em nosso país, são inúmeros os casos de acontecimentos que geram interrupções. Enchentes e deslizamentos, por exemplo, ocorrem com grande frequência, atingindo muitas cidades brasileiras, causando mortes, destruição e perdas financeiras. Vide o que presenciamos em Petrópolis recentemente.

Em um mundo cada vez mais instável, não podemos mais contar com a sorte para a gestão dos negócios. As empresas precisam identificar e se antecipar aos cenários.

Daniela Coelho é diretora de Gestão de Riscos e ESG da ICTS Protiviti

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