Há bem mais de um ano venho coletando, e somente agora resolvi publicar, depois de pedir a ajuda e opinião de inúmeros amigos.

Tenho observado que, sob o forte pretexto de “lutarem” contra as desigualdades sociais que existem no Brasil, e também em outros países, em particular da América do Sul, uns e outros se acham no direito de falarem ou publicarem coisas, que no mínimo, parecem-me muito estranhas. Não significa, e nem nunca significou, que eu seja a favor das desigualdades sociais existentes e nem que eu não faça nada para tentar diminuí-las, dentro do meu raio de ação. Entretanto, o que faz a mão direita a esquerda não precisa saber.

Mas, voltemos às coisas estranhas. Nesta linha, de luta contra as desigualdades sociais, cataloguei, até agora, quarenta e um argumentos, pensamentos ou ações que se forem desenvolvidas permitirão escrever um livro. Algumas até semelhantes. A saber: 1) transparece ser o sabidão, quase o dono da verdade sobre o tema; 2) a culpa sempre é dos outros por elas existirem; 3) o único capaz de resolvê-las é o meu partido; 4) convicção de que nos outros partidos só tem bandidos e no meu só imaculados; 5) acusar todo mundo como se fosse o único perfeito sobre a face da terra; 6) esconder ou ser enganado pela ideologia política que existe nas opiniões proferidas; 7) pensar ou agir como se alguém no passado cometeu algum ato ilícito isto serve de álibi no presente; 8) defender o indefensável; 9) levantar falso testemunho; 10) não ter a mínima noção do quanto a opinião emitida pode ser capaz de dividir as pessoas, grupos e até regiões; 11) não pensar antes de publicar nas redes sociais; 12) distorcer as notícias ou a realidade; 13) não dizer a verdade por medo ou conveniência; 14) publicar notícias inverídicas a partir de fontes escusas ou mal intencionadas; 15) não aceitar que sua opinião seja contrariada; 16) ofender grosseiramente ou se sentir ofendido quando contrariado; 17) acreditar que a mídia social vai convencer todo mundo; 18) não encontrar virtudes em ninguém que não seja do seu quintal; 19) falar uma coisa e fazer outra; 20) como um teórico não respeita a prática de outros, por menor que seja; 21) ser da esquerda e achar que todos da direita não prestam, ou vice-versa; 22) acreditar que o PT, Lula e Dilma seriam e ainda são a solução para elas; 23) publicar opinião na mídia e esperar que todos batam palmas; 24) comparar-se a Jesus Cristo (esta foi a pior); 25) corruptos só nos outros partidos; 26) exigir que alguém faça num dia/semana/mês/meses o que não se conseguiu fazer em 11, 13 ou 30 anos; 27) não reconhecer que fala e age movido por pura paixão, como se as coisas sérias e importantes pudessem ser tratadas como se fossem assuntos de futebol; 28) não ter noção de que a combinação de paixão e ignorância é a pior combinação possível; 29) não reconhecer as diferenças individuais, coletivas e regionais que existem no País e as colocar tudo dentro de um mesmo saco; 30) acreditar que com poesia e/ou música tá tudo resolvido economicamente ou sinal de supremacia intelectual; 31) que quem produz é bandido, explorador e insensível; 32) que tudo tem que ser dado aos pobres até se tornar um deles; 33) que quem fala em nome de agremiações e igrejas está sempre certo ou errado; 34) que ser contra ou a favor disto ou daquilo é sinal de inteligência ou burrice; 35) acreditar que escrever bonito ou difícil convence as pessoas; 36) que a mentira não tem perna comprida; 37) basear-se em notícias apócrifas, mesmo que seja de vez em quando; 38) que ser rico é coisa do demônio e ser pobre o suficiente para conquistar o Paraíso; 39) não reconhecer que é ou foi beneficiado por um sistema e, por isto, o defende de forma clara ou sorrateira; 40) ser muito exigente nos muitos direitos e pouco comprometido com os raros deveres; 41) que a grande mídia influencia todos os que pensam diferente dele. E por aí vai. Podem acrescentar.

Concluindo, seria suficiente uma perguntinha básica, em primeira pessoa, que exige uma reflexão honesta. O que você faz, objetivamente, todo dia, para diminuí-las ou és mais um teórico, cheio de conversinhas fiadas, que só olha para o próprio umbigo?

Claudenir Rossato (cirurgião-dentista, docente aposentado da UEL e empresário) - Londrina