Londrina e outros municípios que foram atingidos pelo decreto do governo do Paraná fechando os setores não essenciais da economia viveram uma quarta-feira atípica. O 1º de julho que iniciaria um período de 14 dias de isolamento social mais rigoroso acabou se tornando outro dia “normal” nas ruas de Londrina, assim como em outras localidades das seis regionais incluídas na medida do governador Ratinho Jr: Cornélio Procópio, Cianorte, Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu e Curitiba.

Como “normal”, entende-se bastante movimento de carros e pessoas nas ruas e as lojas funcionando no período especial das 10 às 16 horas. Em Londrina, as pessoas que saíram às ruas e abriram as portas dos estabelecimentos comerciais estavam bastante confusas. A dúvida era se seguiam as medidas restritivas do novo decreto estadual ou esperavam o pronunciamento do prefeito Marcelo Belinati. O mesmo aconteceu em outras localidades, com prefeitos e representantes de entidades reunidos para tentar encontrar uma saída.

O pronunciamento do prefeito de Londrina veio no final da tarde. Belinati decidiu recorrer administrativamente para evitar a suspensão das atividades não essenciais. A prefeitura de Londrina solicitou informações mais claras ao Poder Executivo estadual sobre os critérios que "pesaram" a favor da inclusão da 17ª Regional de Saúde no decreto estadual como uma forma de “ganhar tempo”, uma vez que Belinati deixou claro que, caso o Governo do Paraná decida não voltar atrás, a suspensão das atividades em Londrina passará a valer a partir deste domingo.

Mais cedo, o governador Ratinho Jr havia informado que respeita as decisões dos prefeitos, o que estaria em conformidade com o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) que confirmou a autonomia dos gestores municipais para tomarem decisões relacionadas à pandemia. Entretanto, alertou que os prefeitos deverão assumir “suas respectivas responsabilidades por um eventual colapso no sistema de Saúde”.

A decisão de voltar a restringir a movimentação nas ruas e aglomerações para diminuir a contaminação do coronavírus é legítima, porém, poderia ter sido tomada ouvindo os gestores municipais, as autoridades da área de saúde e as entidades produtivas.

A decisão de abrir ou fechar os setores é extremamente difícil, justamente porque as consequências são muito sérias para todos os lados. Por isso são necessários o diálogo e a união dos governos federal, estadual e municipal em um trabalho harmonioso, ouvindo a necessidades da população e da iniciativa privada.

Lamentavelmente, faltou essa simetria. A partir do momento que falta objetividade na informação, os sentimentos que chegam à população são desconfiança, confusão e insegurança.

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