A semana mais importante da fé cristã chegou: a Semana Santa. Uma série de celebrações marcam a essência do cristianismo e nos recordam o grande amor de Deus por cada um de nós. Desde o Domingo de Ramos, que celebramos no domingo passado, até a ressurreição gloriosa de Cristo, celebrada no Sábado Santo, iremos repassar entre missas e adorações algumas das principais passagens de Jesus. E o convite que se faz a nós é abrirmos nossos corações para sentirmos a força do Espírito Santo em nossas vidas. Principalmente neste momento em que vivemos uma retomada, dois anos depois do início da pandemia da Covid-19.

Será, portanto, a primeira vez em dois anos que poderemos celebrar a essencialidade da nossa fé cristã em missas e celebrações com os fieis dentro de nossos tempos, a princípio, sem restrições. Com todos os cuidados ainda, obviamente, mas, com a possibilidade de nos reunirmos, afinal, a fé, embora pessoal, também se constrói em comunidade. Foi assim com Cristo, que, sem precisar, reuniu seus 12 apóstolos e mais uma legião de discípulos. Tudo para o ajudar a transmitir a Boa Nova, o grande amor de Deus por seu povo. E a Páscoa nada mais é do que a recordação desse amor, o qual damos o nome de Paixão.

Quando Cristo se oferece para morrer na cruz por nós, vai às últimas consequências. É Deus querendo nos mostrar que não mede esforços para nos amar. Se Jesus, imaculado e santo, é crucificado por amor, quem somos nós para negarmos a vontade de Deus em nossas vidas? Então, na Sexta-feira Santa celebramos essa entrega de Cristo, essa Paixão, essa morte injusta, mas, necessária ao plano salvífico de Deus. E Maria, a mãe de Jesus, sempre o acompanha lado a lado, firme em sua fé, crente no plano divino, apesar de toda a dor e sofrimento que deve ter havido ao ver um filho ser morto na cruz, julgado pelos sacerdotes e fariseus da época.

Nesse momento, é como se estivéssemos sem esperanças, tristes e abatidos. Tal qual vivemos nesses últimos dois anos, enfrentando os desafios e as consequências da pandemia do coronavírus. Muitos de nós perdemos os empregos, tivemos dificuldades financeiras e, o que é pior, deparamo-nos com a dor da morte e da perda de amigos, familiares e entes queridos. Com a Paixão de Cristo, celebramos essa dor da cruz. E, como sempre dizemos, não há vitória sem que antes passemos pela cruz. Por isso, em nossa fé cristã, é preciso sempre manter acesa uma chama de esperança.

E aí, sim, celebramos o Sábado Santo, o grande momento em que Cristo ressuscita. Com os apóstolos também foi assim. Ao verem Cristo morrer na cruz, desanimaram, entristeceram, perderam as esperanças. Mas, de um modo ou de outro, confiaram na promessa do mestre, que ressuscitou glorioso ao terceiro dia. Então, esta celebração nos mostra que Deus é capaz de vencer até mesmo a morte. Assim, Jesus aparece aos seus discípulos, alguns dos quais não acreditaram que Ele havia ressuscitado. Tal qual Tomé, muitos de nós não acreditamos que Deus pode realizar milagres em nossas vidas.

Entretanto, ao tocarmos as chagas de Cristo, somos impelidos a crer sem medidas, sem barreiras ou obstáculos. Mais que isso, somos levados a sentir esse amor que sofreu as últimas consequências, que se entregou numa cruz por nós. E, veja só, sem pedir nada em troca, embora oferendo tudo por amor. Afinal, o amor de Deus é assim: torna-nos vivos, apesar de enfrentarmos todas as dificuldades do mundo. E, enfim, poderemos celebrar a vitória da vida sobre a morte com a ressurreição de Cristo, no Sábado Santo. A partir daí, celebramos o tempo Pascal, de muita fé e esperança. A liturgia eclesial, portanto, é um convite à reflexão cotidiana. Depois de todo esse período pandêmico, também queremos celebrar a fé e a esperança em dias melhores.

Padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida do Norte do Paraná, na Vila Nova em Londrina.

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