Quem se lembra das ruas vazias de Wuhan um ano atrás, quando a metrópole chinesa se deu conta de que era o epicentro de um novo tipo de vírus, naquela época não imaginava que um lockdown semelhante seria visto por aqui.

A pequena Araraquara, no interior de São Paulo, vive desde domingo e até esta terça-feira (23) um lockdown rigoroso, provavelmente o mais duro aplicado no Brasil durante a pandemia do coronavírus.

Durante 60 horas, empresas, escolas, bancos, supermercados (exceto para delivery) , postos de combustíveis (apenas atendendo veículos públicos oficiais) de Araraquara ficarão totalmente fechados. Pessoas e carros só podem circular na cidade se estiverem a caminho do trabalho ou indo a um serviço médico ou farmácia.

Com hospitais lotados e profissionais de saúde à beira da exaustão, o lockdown foi a medida extrema que o município encontrou para tentar conter o avanço rápido da doença na cidade, fator que pode ter sido agravado pela chegada da nova cepa, ou a variante brasileira, identificada primeiramente em Manaus.

O momento atual é preocupante, seja em Araraquara, Manaus e muitas cidades que perderam o controle nos feriados do fim de ano e no Carnaval. Londrina é uma delas. Neste domingo, o município paranaense completou mais uma semana com a taxa de ocupação de leitos de enfermaria exclusivos para tratamento da Covid-19 beirando a totalidade ou com 100% de ocupação.

Em sua live semanal, o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, expressou preocupação de que a variante brasileira tenha chegado ao norte do Paraná e seja a responsável pela ocupação dos leitos em sua totalidade.

“Estamos observando que as pessoas que estão sendo contaminadas, estão tendo gravidade maior. Estamos fazendo o sequenciamento dos casos mais graves. Temos menos infectados, no entanto, mais gente precisando do hospital", alertou Belinati.

O agravamento no panorama da Covid-19 não só em Londrina ou Araraquara, mas em todo o País, coincide com a inevitável interrupção do esquema de vacinação contra o coronavírus por falta de imunizante.

Infelizmente, o país não se preparou e agora está a mercê de um esquema de abastecimento "pinga pinga".

Interromper a vacinação não é apenas uma infelicidade casual. É um problema com consequências óbvias: quanto mais tempo o país demora para avançar no processo, mais tempo o coronavírus circulará com chances de mutações e transformações para novas variantes, infectando, matando pessoas e atrasando a retomada da economia.

Sem vacinação em massa, sem proteção coletiva e o sério risco do Brasil se tornar o "berço" de novas cepas do coronavírus, como vem alertando especialistas em saúde pública.

A FOLHA deseja saúde e que todos façam o necessário distanciamento social.