Saúde pública avança com rótulos de alerta em alimentos
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segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Folha de Londrina
Com certo atraso em relação a países desenvolvidos e até mesmo da América Latina, como o Chile, o Brasil começa a estampar nas embalagens de alimentos industrializados rotulagem com alertas sobre produtos com altos índices de açúcar adicionado, gordura saturada e sódio.
A partir desta segunda-feira (10), os produtos devem chegar aos pontos de venda já no novo padrão, mas os produtos com embalagens antigas ainda seguem nas prateleiras até serem vendidos. A medida é uma tentativa de combater o aumento de casos de obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como as cardiovasculares, o diabetes e diversos tipos de câncer.
De acordo com reportagem publicada nesta edição da FOLHA, dados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2019 indicam que 52% da população do país com 18 anos ou mais tinha diagnóstico de pelo menos uma DCNT em 2019. No mesmo ano, a prevalência de sobrepeso e obesidade entre os brasileiros era de 53,8%. A ideia é que, com informações mais claras e compreensíveis, as pessoas possam fazer escolhas mais saudáveis.
As novas embalagens vão chegar às gôndolas dos supermercados e outros estabelecimentos do gênero com três mudanças: Na parte frontal do rótulo haverá um ícone de uma lupa quando a quantidade de açúcar adicionado, gordura saturada e sódio presente em 100 g ou 100 ml for superior à estabelecida pela Anvisa.
A tabela de informação nutricional passará a ter apenas letras pretas e fundo branco para contrastar das demais cores da embalagem. Também tornam-se obrigatórias a identificação de açúcares totais e adicionados e a declaração do valor energético e nutricional por 100 g ou 100 ml do produto. Haverá mudança ainda nas chamadas alegações nutricionais, que são selos que apontam características positivas do alimento, por exemplo, “rico em ferro”, “light”, “livre de gordura trans”.
A medida é avaliada como positiva para especialistas da área, porém, eles advertem que mais do que expor as informações, a indústria precisa melhorar a qualidade dos produtos. A nutricionista Sophie Deran, engenheira agrônoma e doutora pelo departamento de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), alerta que cresce cada vez mais o uso de ultraprocessados e de adoçantes, o que não é solução.
Ainda assim, a regulamentação das embalagens é considerada um avanço. A alimentação saudável, associada à atividade física, é um dos princípios fundamentais quando se trata de medicina preventiva. Ao investir em mecanismos que estimulem os hábitos de vida saudável, o governo reduz significativamente o percentual do orçamento destinado à saúde que hoje se perde no combate a doenças que poderiam ser prevenidas.
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