O tema da saúde mental entrou em foco nos últimos anos com a pandemia de Covid-19. O isolamento social, necessário para reduzir a disseminação do vírus causador da doença, também trouxe problemas como ansiedade e depressão, principalmente para crianças e jovens, que deixaram de ter a oportunidade de ir para a escola.

Os problemas do tipo não começaram na pandemia, mas se agravaram no período. E estão muito longe de terminar. Por isso, o trabalho de atendimento a quem precisa de apoio para superar crises é tão importante.

Em Londrina, o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) para a Infância e Adolescência é referência municipal no atendimento especializado em saúde mental para crianças, adolescentes e seus familiares. A unidade fica na Vila Nova, na região central, e atende pacientes de até 18 anos que apresentam diferentes queixas, que vão desde confusões mentais até crises de ansiedade.

Dados revelados pela enfermeira Silvana Valentim, coordenadora do Caps Infantil, mostram que a situação é bastante preocupante. Cerca de 500 pacientes recebem atendimento de rotina na unidade. Neste mês, aponta ela, a marca de 1.600 procedimentos, que envolvem atendimento aos pacientes e aos seus familiares, já foi superada. A média de procedimentos mensais gira em torno de 1.500.

Outra informação inquietante da enfermeira é que a gravidade dos casos que chegam ao Caps também tem crescido. E as queixas são de diversos tipos: transtornos de conduta, transtornos opositores e desafiantes, agitação psicomotora, hiperatividade, transtornos de ansiedade, depressão e agressividade.

Para a coordenadora do Centro, a rotina das crianças e dos adolescentes, bem como o contexto em que estão inseridos, pode ser a causa de diversos problemas. E Valentim tem um alerta importante para os pais. "Aqui atendemos muitas crianças com graves problemas devido ao uso do celular, crianças sem uma rotina de sono e de escola. A prevenção é fundamental para a saúde mental deles e, atualmente, as crianças adoecem pelo excesso do consumismo e de imediatismo, pela desestruturação familiar e pela falta de limites e de afeto assertivo".

A tarefa de zelar pela saúde mental das crianças é, portanto, urgente. Os pais devem ficar de olho no tempo que elas passam ao e também aos conteúdos que consomem. A mente humana está em formação até, em média, os 25 anos de idade. Por isso, é essencial não somente estimular o desenvolvimento mental e emocional, mas também estimular a mudança de hábitos e comportamentos que têm se tornado comuns. É necessário colocar limites. Para o bem da saúde e do futuro de nossas crianças e jovens.

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