A Lei Geral das Universidades (LGU) está sendo apreciada pela Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), com previsão de votação já nos próximos dias. Segundo mensagem encaminhada pelo próprio governo do Estado “visa dispor sobre os parâmetros de financiamento das Universidades Públicas Estaduais do Paraná e estabelecer critérios para a eficiência da gestão universitária, dentre outros provimentos”.

Entretanto, ao nos debruçarmos sobre os números que esta proposta remete, nos deparamos com um cenário extremamente preocupante para a UEL e a região de Londrina. Embora as áreas do ensino e o administrativo consigam manter o quantitativo de seus servidores técnico-administrativos (716), fazendo com que minimamente consigamos a fazer “a roda girar”, o mesmo não podemos dizer em relação aos importantes serviços prestados à sociedade.

Mesmo durante a pandemia, em 2021, registramos números bem expressivos nos chamados órgãos suplementares e de apoio. Clínica Odontológica, 28.131 atendimentos e 86.723 procedimentos ambulatoriais; Bebê Clínica, 5.372 atendimentos e 40.428 procedimentos.

Clínica Psicológica 897 atendimentos individuais; Escritório de Aplicação de Assuntos Jurídicos (EAAJ), 673 audiências realizadas, 13.289 despachos judiciais cumpridos, Casa de Cultura, 168 atividades e, Fazenda Escola, 1,8 toneladas de alimentos produzidos e revertidos ao Hospital Universitário e Restaurante Universitário.

Caso esta Lei seja aprovada como está apresentada na Alep, a UEL, em função da redução drástica do número de servidores destes órgãos, irá ferir de morte estas ações junto à população londrinense, serviços fundamentais que significam saúde, qualidade de vida e cidadania.

Hoje a UEL possui 108 vagas preenchidas por técnicos de nível superior e 78 por preencher, totalizando 186. Vagas de nível médio, 181 preenchidas e 97 em vacância, portanto 278 vagas. Somando-se ambas as categorias chegamos ao número de 464 funcionários que atuam (ou poderiam atuar) nos diferentes órgãos suplementares na prestação de serviço. Mas imaginem, com a aprovação da LGU, este quantitativo simplesmente deixará de existir ao longo do tempo.

Por isso não só a UEL, mas Londrina amargará prejuízos da mesma forma, pois todas estas ações representam atender a população, sobretudo a mais necessitada. Sem contar o envolvimento de alunos que sedimentam seus conhecimentos em estágios, complementando a formação profissional.

Nossa Universidade não conseguirá sustentar este trabalho caso não consigamos reverter esta situação. Não estamos analisando aqui outros aspectos da Lei, porém nos preocupa muito o futuro de atividades extensionistas, de prestação de serviço à comunidade.

Em função do exposto, recorremos à sociedade civil organizada no intuito de sensibilizar nossos deputados estaduais para essa causa e nos ajudem na retirada de pauta desta proposta. Nosso intuito não é simplesmente para a rechaçar, mas para que possamos explicar melhor aos próprios parlamentares as consequências nefastas que a sociedade londrinense sofrerá caso a LGU seja votada de afogadilho.

A UEL é um patrimônio do povo paranaense e a ele recorremos neste momento difícil para o ensino superior público.

Sérgio Carvalho e Décio Sabbatini Babosa. Reitor e vice-reitor da UEL

A opinião dos autores não reflete, necessariamente, a opinião da FOLHA.

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