A informação de que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, seria demitido nesta segunda-feira (6) se espalhou durante a tarde, mas não se confirmou. Errou quem apostou que o titular fosse demitido pelo presidente Jair Bolsonaro e o próprio Mandetta veio a público na noite desta segunda-feira (6) dizer ao povo que vai ficar. Ele repetiu o que disse dois dias atrás: "Um médico não abandona o paciente". E ressaltou que o inimigo do Brasil, hoje, tem nome e sobrenome: Covid-19.

O boato da demissão ganhou força ontem quando o Mandetta não apareceu para a entrevista coletiva diária que ele e outros membros do Ministério da Saúde realizam no período da tarde. Os jornalistas entrevistaram outros integrantes da pasta, enquanto nos bastidores era compartilhada a informação que o ministro participava de reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Depois, o ministro brincou que seus auxiliares até limparam as gavetas deles no ministério.

A divergência entre Bolsonaro e Mandetta ficou evidente no desenrolar da crise do coronavírus. O motivo é a medida de isolamento social defendida pelo ministro, enquanto o presidente tem adotado um discurso contrário ao fechamento do comércio e à paralisação das aulas nos municípios.

Entre as pessoas que defenderam a permanência de Mandetta junto a Bolsonaro estava o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. O senador alertou o presidente que a demissão concretizada dificultaria a relação do governo com o parlamento – que já anda estremecida.

A questão do isolamento social que azedou a relação entre Mandetta e o seu chefe é um ponto de difícil concordância nos diferentes segmentos da sociedade. Em reportagem nesta terça-feira (7), a FOLHA mostra a iniciativa de prefeituras paranaenses que decidiram abrir totalmente ou flexibilizar o funcionamento do comércio e outros serviços.

Trata-se de uma decisão que vai na contramão do desejo da maior parte da sociedade. Pesquisa realizada pelo Datafolha com 1.511 pessoas excepcionalmente por telefone mostrou que 76% dos entrevistados querem ficar em casa para impedir que o vírus se espalhe, mesmo que isso signifique prejudicar a economia. Quanto a volta às aulas, somente 11 % dos entrevistados são a favor da medida.

Especialistas argumentam que não se pode flexibilizar as medidas restritivas enquanto o sistema de saúde não estiver bem estruturado para receber os doentes graves. Há um longo caminho para isso acontecer.

É com tranquilidade que depois de um dia tenso a população recebe a notícia de que Mandetta ficará no cargo. Em meio a uma pandemia, não parece correto a troca do titular da Saúde. Principalmente quando a percepção da população é que o ministro faz um bom trabalho e o apoia nas ações impostas pelo ministério no combate ao coronavírus. A mudança de ministros da Saúde agora deixaria o cidadão sem rumo diante de uma situação extremamente complicada.

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