O grande sonho dos brasileiros honestos é ver o Brasil livre dos homens públicos corruptos. A corrupção que eles praticam corrói pilares importantíssimos para o nosso crescimento como nação. Convivendo com frequentes alternâncias ideológicas no poder, nossa democracia não consegue amadurecer para depurar as instituições e fortalecer a moralidade na gestão pública. Nesse período de mais de três décadas de democracia contínua, regida por uma constituição demasiadamente complacente com os criminosos do colarinho branco, convivemos com uma corrupção explícita e em escala crescente e desenfreada.

O surgimento da Operação Lava Jato, comandada por Sérgio Moro, mudou a realidade de uma vergonhosa impunidade que assolava o país. Durante cinco anos à frente do maior movimento anticorrupção já ocorrido no Brasil, o juiz federal de Curitiba condenou e colocou na cadeia cerca de 140 ladrões do dinheiro público, inclusive um ex-presidente da república e o maior empreiteiro de obras brasileiro, recuperando em torno de 5 bilhões de reais desviados do erário. Com resiliência, enfrentou as ofensivas da esquerda, de alguns ministros do STF e de uma grande parcela de corruptos encastelados no Congresso Nacional e no poder Executivo.

Nesse período, o juiz da Lava Jato reavivou as esperanças dos brasileiros em ter o "país dos sonhos" mais perto da realidade. Focado em potencializar o seu patriótico trabalho, Moro aceitou o convite para participar do atual governo, que se dizia combatente da corrupção. Todavia, a carta branca que lhe foi prometida para atuar no Ministério da Justiça se tratava de um engodo.

Aos poucos, o presidente Jair Bolsonaro foi minando a sua autoridade e inibindo suas investidas contra os criminosos. A retirada do Coaf do Ministério da Justiça, o fato de não vetar a desfiguração que os parlamentares fizeram no seu projeto anticrime, o acordo que fez o presidente do STF suspender mais de 600 mil investigações para salvar o filho senador e o posicionamento contrário à prisão em segunda instância desmentiram o discurso anticorrupção de Bolsonaro.

Enganado e injustiçado, Moro foi forçado a deixar o cargo. E, como sempre, fez a coisa certa. Pela sua honra, não se submeteu à humilhação de sair escorraçado sob uma saraivada de mentiras, manobras escusas e dissimulações como outros foram vítimas em igual situação. Prestou conta aos brasileiros e contou a verdade sobre tudo o que se passou nos bastidores de sua pasta com relação ao presidente.

Em poucas horas, o gabinete dos perfis falsos das redes sociais, instalado dentro do Palácio do Planalto, covardemente se encarregou de disseminar uma versão enganosa sobre o motivo da saída do ministro e abrir a pesada artilharia das fake news para destruir a reputação da pessoa do ministro demissionário.

Os mais esclarecidos entenderam a pérfida estratégia de Bolsonaro e se indignaram. Outros, que na véspera dos acontecimentos aplaudiam Moro, abdicaram da veracidade dos fatos e, como um rebanho de doutrinados por um extremo proselitismo ideológico, preferiram acreditar na falsidade de uma desinformação orquestrada e engrossaram os ataques ao ministro. Néscios mais desvairados chegaram à estupidez de rotular Moro de comunista. Uma ignorância inacreditável.

Sérgio Moro sempre representou a nossa maior esperança em um país saqueado pela corrupção. Ele deu ao Brasil a chance de ser um país mais civilizado. Não podemos prescindir da inteligência, do equilíbrio e da capacidade desse grande brasileiro.

Ludinei Picelli (administrador de empresas) Londrina