Luis Carlos Hauly assumiu como congressista, após a cassação do mandato de Delton Dellagnol pelo TSE. Como foi noticiado, ele será o quinto deputado federal da região. Natural de Cambé, é um homem público com extensa folha de serviços prestados ao longo de três décadas e sentir-se-á em casa no Congresso Nacional. A Reforma Tributária em curso no Parlamento tem o seu DNA e com certeza ganhará impulso com os seus trabalhos. Sendo um homem trabalhador, dedicado e probo, não há dúvidas que a política nacional sairá enriquecida.

Contudo, Hauly pouco poderá fazer pela região, além das tradicionais e institucionais emendas que no nosso sistema político servem para manter o deputado próximo dos eleitores e autoridades locais. Deputados são eleitos pelo Estado e não pela região e por isso não podem se circunscrever à terra que os viu nascer ou ondem possuem a sua residência.

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Conheci congressistas (há não muitos anos), que obtiveram resultados pífios na sua cidade e foram eleitos com votos a quinhentos quilômetros de distância! Bem vindos ao Brasil e ao seu sistema eleitoral! Porém, Hauly teve a sua votação majoritariamente na região de Londrina e noves fora isso, seria de bom tom que privilegiasse em sua atuação a defesa das demandas locais. Nós as temos em maiúsculo, indo da infraestrutura à saúde, (hospitais etc.), passando pela educação (universidades e escolas técnicas) e geração de emprego, sem esquecer o “eterno problema chamado aeroporto”!

Londrina é considerada uma das cidades com maior índice de desenvolvimento humano do país, refletido em seus serviços de qualidade e crescimento sustentável. Mas é também o protótipo infeliz de um país que convive com a desigualdade social e em muitos casos a viu aumentar nos últimos anos.

É gritante, na região, a falta de cobertura de sinal de internet e telefone, em locais a cerca de 15 quilômetros da metrópole! Em tempos atuais, este indicativo não deve ser um pormenor! A modernidade convive no campo com a pobreza da infraestrutura no setor das comunicações.

Cidades pequenas têm um serviço restrito, deixando em muitos casos a periferia sem sinal! Ora, esses assuntos devem ser compartilhados com deputados federais, para que as operadoras sejam responsabilizadas sobre contratos assumidos, uma vez que problemas deste teor estão longe de serem exclusivos de Londrina e região.

Hauly e os demais deputados podem inaugurar, de fato, o que uma boa reforma política estabeleceria de direito: congressistas sensíveis às demandas regionais, com bons programas a serem defendidos junto ao governo federal. É papel intransferível dos deputados representarem a população em Brasília, fiscalizar o governo e proporem leis, que ao abrigo da Constituição beneficiem, de preferência, os mais desfavorecidos.

As emendas parlamentares são a oportunidade que os deputados têm de acrescentar novas programações orçamentárias com o objetivo de atender as demandas das comunidades que representam. Uma olhada ligeira no Portal de Transparência nos dá conta que 80% das empenhadas são da área da saúde. Malgrado esse fato, a fila junto ao SUS é desumana, somando-se a outro dado: cerca de 50 milhões de brasileiros possuem planos de saúde que viram seus aumentos retroativos à maio para cerca de 9%. Espera-se dos deputados federais que além das emendas a que têm direito, se empenhem para que o SUS seja fortalecido, como reza a Constituição Federal.

O Congresso Nacional não tem ido bem nos últimos anos. O fortalecimento em torno das emendas do relator, a primazia do Centrão numa pressão constante sobre o Executivo (não apenas o atual) e a aprovação de leis como a do Marco Temporal, demonstram um Parlamento medíocre e cooperativista, trabalhando em função de blocos como autênticos lobbys institucionalizados. Que os deputados da região trabalhem de fato pelas “pautas estruturantes”!

Padre Manuel Joaquim R. dos Santos, Arquidiocese de Londrina

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