Ao que tudo indica, o Brasil vai voltar a ser um player importante neste mundo globalizado e interconectado, saindo assim de um período de relativo isolamento que teve efeitos negativos sobre o seu comércio com o exterior, na atração de investimentos e novos negócios.

Neste contexto, a agenda do novo governo eleito democraticamente, principalmente a sua aparente preocupação com o clima, o desmatamento, a preservação da Floresta Amazônica, energias limpas e renováveis e a sustentabilidade, atrai o interesse de países como a Alemanha.

A reativação do Fundo Amazonia com um aporte de 35 milhões de euros pelo governo alemão é apenas mais um passo para a intensificação das relações bilaterais entre o Brasil e a Alemanha depois de um período conturbado. Lembro que a imigração alemã para o Brasil começou há mais de 200 anos. Desde então os dois países se tornaram parceiros estratégicos.

A relação econômica se intensificou, principalmente a partir de 1950, com a vinda de empresas alemãs que investiram em fábricas para produzir localmente automóveis, máquinas, produtos químicos e farmacêuticos. O volume do comércio entre os dois países é de cerca de 16 bilhões de dólares por ano.

Do ponto de vista brasileiro, investidores alemães são tradicionalmente muito bem recebidos. A “química” entre brasileiros e alemães é muito boa. Tenho a impressão de que as duas culturas se complementam.

Em termos geopolíticos o Brasil é um refúgio de paz para o mundo e a América Latina. Apesar dos impactos econômicos da pandemia, o PIB cresceu 3,2% em 2022, a dívida pública é menor do que 80% do PIB e as reservas cambiais totalizam os 350 bilhões de dólares.

O Brasil voltou a ser analisado por empresas da Alemanha em função do potencial do seu mercado consumidor, como fornecedor de alimentos, por exemplo, e como local de produção.

O Paraná é um mercado muito atraente para investimentos alemães nas áreas estratégicas do estado, com destaque para setores como o automotivo, eletrônico, life-sciences, tecnologia para a agroindústria, energias renováveis, entre outros.

Prevejo que 2023 será um bom ano para os negócios bilaterais, principalmente com oportunidades na área de energias renováveis, na qual Brasil e Alemanha podem colaborar para diversificar o fornecimento de energia limpa e sustentável, além de aumentar a eficiência energética. O Brasil tem uma matriz energética com 85% de fontes renováveis, uma posição única no mundo. A produção de hidrogênio verde certamente é um tema de destaque neste contexto.

Finalmente, penso que o Brasil continua avançando, mas precisamos continuar neste caminho para combater a ineficiência estatal em todos os níveis, reduzir o inchaço da máquina pública e continuar a combater a corrupção que ainda assola o nosso país.

É necessário, ainda, facilitar o investimento privado nacional e estrangeiro na infraestrutura, reduzir a intervenção estatal, desburocratizar, desregulamentar e intensificar a privatização das empresas estatais, abrir o nosso mercado e garantir segurança jurídica aos investidores.

Andreas Hoffrichter é diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha – AHK Paraná e cônsul honorário da República Federal da Alemanha em Curitiba.