O protesto realizado por estudantes e professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) contra o crime de feminicídio, na véspera do feriado da Independência, já é uma forma de chamar a atenção da sociedade para o elevado número de assassinatos de mulheres no Brasil.

A manifestação da comunidade acadêmica da UEL, que contou com a presença da reitora Marta Favaro, foi motivada por um caso ocorrido no domingo (3) que chocou a cidade de Londrina. A estudante de ciências sociais Julia Beatriz Garbossi Silva, de 23 anos, morreu a golpes de faca ao tentar defender a amiga e companheira de moradia, que também ficou ferida. No ataque, um amigo das estudantes, Daniel Takashi Suzuki Sugahara, de 22, também foi esfaqueado e morto.

O suspeito pelo duplo assassinato, um rapaz de 23 anos, foi preso em flagrante. A sobrevivente, de 24 anos, estudante de artes cênicas, relatou à polícia que implorou para não ser morta. As investigações apontaram que o suspeito era um "stalker" (perseguidor), que seguia os passos da estudante de artes cênicas e inclusive teria criado perfis fakes nas redes sociais para vigiá-la.

O Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina - defende que o crime cometido contra os jovens deve ser julgado como feminicídio - consumado, no caso de Garbossi e Takashi, e tentado no caso da estudante que sobreviveu.

Em uma publicação divulgada nas redes sociais, o Observatório explica que a Lei do Feminicídio (13.104/2015) não é aplicada somente a crimes nos quais há relacionamento íntimo prévio entre vítima e autor, mas a todos nos quais há menosprezo por uma mulher pelo seu gênero. Para Néias, o crime se adequa à Legislação, uma vez que o acusado agiu motivado pelo sentimento de posse da vítima que sobreviveu ao ataque.

Os altos índices de feminicídio no Brasil mostram que esse tipo de crime é uma grave doença na sociedade. Pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) apontou que o país registrou no ano passado 1.410 casos de feminicídio (em média, uma mulher foi assassinada a cada seis horas por ser mulher).

Essa situação exige ação imediata e coordenada de todos os setores da sociedade. A diminuição dessa triste estatística deve começar com uma educação inclusiva e igualitária. Desde cedo, precisamos ensinar valores de respeito, empatia e igualdade de gênero. É importante desenvolver uma cultura de tolerância zero para a violência contra as mulheres, fortalecer o sistema jurídico e capacitação de profissionais para garantir que as vítimas encontrem o apoio e a justiça que merecem.

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