Na mesma semana em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou pesquisa apontando que 2018 foi o primeiro ano em que o índice geral de negros e pardos superou o de brancos em universidades públicas do País, os estádios de futebol dão o mau exemplo e são palcos de episódios de racismo. No Brasil, o duelo entre Atlético-MG e Cruzeiro registrou discussão entre um segurança e dois torcedores que parou na delegacia por conta de ofensas raciais. O caso mais grave ocorreu dentro de campo contra os brasileiros Taison e Dentinho, do Shaktar Donetsk, vítimas de insultos e cânticos racistas dos torcedores do Dínamo de Kiev, na Ucrânia.

A semana que entra traz uma data significativa para os brasileiros que lutam contra o preconceito racial. O dia 20 de novembro, que lembra a morte de Zumbi dos Palmares, escravo símbolo da luta do povo negro contra a escravidão, é o Dia da Consciência Negra.

Embora o estudo do IBGE aponte um avanço importante na área da educação superior, ainda há muito o que melhorar. Segundo o estudo ”Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, do IBGE, enquanto representavam mais da metade da força de trabalho, pretos e pardos ocupavam apenas 29,9% de cargos de gerência e 64,2% da população desocupada em 2018. Foi constatada diferença de 45% no rendimento mensal médio entre a população branca e o grupo de pretos e pardos, o que também refletiu nas condições de moradia e assustadoramente nos índices de violência. Em 2017, uma pessoa negra tinha 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que uma branca.

A representatividade dos negros na política nacional também é pequena. Conforme o IBGE, os afrodescendentes somam mais de 115 milhões de cidadãos – 55,9% do total de 207 milhões de habitantes, mas apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018 são pretos. No Paraná, por exemplo, são apenas dois entre os 54 parlamentares na Assembleia Legislativa, o que representa 3,7%. Dos vereadores eleitos em 2016, a parcela é de 42,1%. Em Londrina, também são apenas dois entre 19 vereadores, 10,5% do total.

Em entrevista à FOLHA, o vereador londrinense Junior Santa Rosa, do PSD, afirmou que o negro precisa ocupar espaços na política, independente da pauta ser de direita ou esquerda. Já o professor Hilton Costa, do curso de Ciências Sociais da UEM (Universidade Estadual de Maringá), lembrou que no Brasil os mecanismos que excluem os negros são muitos e não há respostas simples para um problema tão complexo. Certamente, a situação não vai melhorar enquanto muitos continuarem negando que há desigualdades. Elas devem ser encaradas e combatidas. Começando pela educação, que é o ponto de partida da inclusão.

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