A condição de saúde do apresentador Faustão, que entrou com prioridade na fila do transplante do coração, chamou a atenção da sociedade para o bom funcionamento do músculo mais importante do corpo. O artista, de 73 anos, deu entrada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 5 de agosto para o tratamento de compensação clínica de insuficiência cardíaca.

No último domingo (20), o quadro de Faustão se agravou e ele recebeu indicação para receber um novo coração. Segundo o hospital, ele está internado em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), fazendo diálise e necessitando de medicamentos para ajudar a bombear o coração.

Embora o transplante desse órgão seja mais comum em adultos, crianças e adolescentes também estão na fila de espera pelo transplante. No Brasil, segundo o Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, até o dia 16 de agosto, 67 crianças e adolescentes com até 17 anos de idade aguardavam por um coração para continuar vivendo. O número representa 17% do total de pacientes brasileiros esperando por esse órgão.

O Pequeno Príncipe, localizado em Curitiba, maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil, tem hoje cinco crianças listadas na fila do transplante cardíaco e outras duas estão sendo avaliadas para entrar na lista. O paciente mais novo atualmente no rol de espera tem 1 ano e 10 meses, enquanto o adolescente mais velho está com 16 anos.

Como a FOLHA mostra hoje, o cardiologista Bruno Hideo Saiki Silva, responsável clínico pelo Serviço de Transplante Cardíaco e Miocardiopatias da instituição, no caso das crianças pequenas, é ainda mais difícil encontrar um coração de tamanho compatível. “Ofertas de coração com pacientes abaixo de 30 quilos são um grande desafio”.

“Para haver compatibilidade entre doador e receptor, existe a necessidade de uma concordância entre peso e altura. Por exemplo, o peso do doador não pode ser menor que 20% ou maior que o dobro do peso do paciente em lista de espera”, detalha o cirurgião cardiovascular responsável por uma das equipes do Serviço de Cirurgia Cardíaca no Pequeno Príncipe, Fabio Binhara Navarro. Neste ano, a instituição já realizou quatro transplantes cardíacos. O Pequeno Príncipe é referência no atendimento de crianças menores de 2 anos.

No Brasil, o índice de famílias que rejeitam a ideia de doar órgãos de parentes após morte encefálica comprovada é bastante alto. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, esse índice foi de 43% em 2021.

É um número que mostra que a conscientização é urgente. Ela precisa estar nas campanhas das secretarias e do Ministério da Saúde, assim como o tema da doação de órgãos (e também de sangue) deve fazer parte do dia a dia do brasileiro, sendo discutido, nas escolas, por crianças e adolescentes.

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