Todo mundo sente ansiedade. Entrevista de emprego, falar com uma pessoa desconhecida ou sair para ir ao mercado em tempos de pandemia são possíveis situações que podem nos gerar ansiedade. A ansiedade é um estado emocional (taquicardia, sudorese), cognitivo (preocupações recorrentes que alteram o desempenho da memória e atenção) e comportamental que pode nos levar a agir de acordo com as nossas preocupações e nos proteger contra possíveis danos.

Por isso, quando sentimos ansiosos, nosso coração acelera, nossas mãos suam e nossos pensamentos ficam mais intensos.A ansiedade pode se tornar um problema em nossas vidas. Quando a sentimos com uma frequência, intensidade e duração que afeta a nossa vida econômica, social e pessoal, dizemos que estamos vivenciando um transtorno de ansiedade.

Os transtornos de ansiedade podem ser considerados um excesso ou persistência do medo além de períodos apropriados. O Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo. A Organização Mundial da Saúde, em 2017, relatou a prevalência de 18,657,943 milhões de brasileiros que sofrem de algum tipo de transtorno de ansiedade. Esse número corresponde a 9,3% da população brasileira.

Considerando esses dados, é importante nós falarmos do contexto em que estamos vivendo. A pandemia pode ser estressante para muitas pessoas. A mudança de hábitos, o medo da exposição e o distanciamento social podem gerar um aumento de estresse e ansiedade, apesar de serem importantes para redução da propagação do vírus. Lidar com esses sentimentos e emoções são fundamentais para uma saúde física e mental adequadas.

Em minha prática clínica foi possível evidenciar o impacto da pandemia na saúde mental. A sensação de que essa fase não irá passar, a perda de controle emocional, o aumento dos níveis de ansiedade e a baixa tolerância ao mal-estar frente a esse cenário são perceptíveis. Felizmente, a psicologia tem evidências científicas, instrumentos e técnicas para lidar com essas demandas.

Uma forma de lidarmos melhor com o que sentimentos é com a psicoterapia. A psicoterapia proporciona um espaço de desenvolvimento, entendimento e modificação de novas habilidades para o enfrentamento da ansiedade. Apesar de muitas vezes não identificarmos, todos nossos comportamentos têm uma causa e a psicoterapia oferece a possibilidade da pessoa entender melhor como a ansiedade e o comportamento se relacionam.

Assim, uma pessoa com um maior nível de autoconhecimento tem mais chances de prever e controlar seu comportamento frente às situações cotidianas e, principalmente, frente à pandemia.

Thiago Soares Campoli (psicólogo clínico e mestre em análise do comportamento) Londrina